Partidos de
extrema-esquerda na Europa pedem afastamento de Brasil de acordos
O espanhol Podemos, o grego Syriza
e o alemão Die Linke denunciam a
“consumação” do golpe no Brasil. O grupo de partidos de extrema-esquerda na
Europa e que nos últimos anos tem ganhado popularidade promete ações no Parlamento Europeu para pressionar
contra qualquer tipo de acordo com Brasília e reforçam o apelo para que
Bruxelas afaste o Brasil das negociações para a criação de um acordo comercial
com o Mercosul.
“Condenamos fortemente o golpe de
estado no Brasil contra uma presidente eleita”, diz um comunicado do grupo, que
ainda inclui o Bloco de Esquerda de
Portugal e Sinn Fein, da Irlanda, entre outros.
Se nos últimos anos esses
partidos ganharam eleições denunciando políticas de austeridade em seus países,
agora alertam que o governo de Michel Temer vai adotar políticas econômicas que
“resultarão revolta social”.
Para os partidos, o afastamento
foi comandado por “oligarcas e imperialismo com o envolvimento de muitos na
comunidade internacional, mascarados por uma decisão judicial sem qualquer base
legal”.
De acordo com os partidos, o
golpe foi orquestrado de “tal maneira que qualquer líder internacional teria
sido afastado”. “A remoção de Dilma Rousseff marca um dos capítulos mais negros
da história do Brasil e um golpe contra a democracia do País”, insistem.
Os partidos apontam até mesmo
para o envolvimento americano. “É evidente que muitos opositores de Dilma –
apoiados pelos EUA – nunca aceitaram sua presidência e tentaram a afastar de
qualquer forma”, disseram. Para o grupo, a campanha começou já em 2002, quando
Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito.
“O que ocorre no Brasil é apenas
o último exemplo da nova estratégia das forças imperialistas de afastar
governos progressistas eleitos pelo povo latino-americano”, alertaram os
deputados, relembrando inclusive do paraguaio Fernando Lugo em 2012.
Para o grupo, o governo de Michel
Temer “não perdeu tempo” em reverter o que Lula e Dilma conseguiram em planos
sociais. “Ele realinhou a política externa com a agenda imperialista”,
apontaram. Os deputados ainda alertam que vão continuar a atuar contra o
governo Temer. “Oferecemos toda nossa solidariedade”, disseram.
Reconhecimento
Num comunicado separado, o
partido Podemos anunciou que pede ao governo espanhol a “não reconhecer o
governo brasileiro”, considerado pelo grupo como “ilegítimo”. “Exortamos a nosso
governo que não se esqueça do compromisso com a democracia que nos guia na
política externa”, disse.
O partido Podemos também fez eco
à solicitação dos partidos europeus. “Reiteramos nossa petição à alta
representante (de Política Externa), Frederica Mogherini, pela qual
solicitávamos que a UE mantivesse às margens o Brasil nas negociações que
mantém com o Mercosul”, indicou o grupo político.
O grupo insiste que mandatos
políticos “apenas se ganham nas urnas” e denuncia o Congresso nacional por ter
60% de seus integrantes com casos na Justiça.
Com Estadão Conteúdo em 31/08/2016, atualizada em 01/09/2016
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