Golpe derruba a indústria para o
nível pré-Lula
O nível de utilização da capacidade instalada da
indústria brasileira encerrou 2016 em 76%, o mais baixo já registrado desde
2003. A informação é da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que divulgou
hoje (30) os indicadores industriais relativos a dezembro do ano passado.
"É indicativo de uma grande folga que existe
na indústria. Há uma grande ociosidade no setor e isso é um limitador da
retomada do investimento", afirmou o gerente-executivo de Políticas
Econômicas da CNI, Flávio Castelo Branco.
O levantamento também indicou redução do poder de
compra dos trabalhadores no fim do ano passado. A massa real de salários recuou
1,6% enquanto o rendimento médio real do trabalhador caiu 1,2% em dezembro na
comparação com novembro. "A capacidade de compra está prejudicada não
apenas pelo desemprego, como também pela inflação", disse Castelo Branco.
Por outro lado, dezembro registrou dados
positivos em relação ao emprego e às horas trabalhadas na produção. Após 23
meses consecutivos de queda, o emprego cresceu 0,2% em dezembro ante novembro.
No mesmo período, as horas trabalhadas cresceram
1%. De acordo com a CNI, foi o segundo aumento consecutivo das horas
trabalhadas na produção. Nos últimos dois meses de 2016, o indicador acumulou
crescimento de 1,8%.
Todos os dados contêm ajuste sazonal, ou seja,
levam em conta a inflação e as características do período analisado.
Para Flávio Castelo Branco, os resultados do
emprego e horas trabalhadas podem sinalizar "possível reversão da
trajetória negativa da atividade industrial, que já vem [ocorrendo] há dois
anos".
Queda anual
Na comparação anual, os indicadores da indústria
pioraram em relação a 2015. O faturamento real caiu 12,1% e as horas
trabalhadas, 7,5%. O emprego diminuiu 7,5% e a massa real de salários teve
queda de 8,6%. Já o rendimento médio do trabalhador recuou 1,2% de um ano para
o outro.
Segundo Castelo Branco, a comparação evidencia
que 2016 foi um ano difícil para indústria. "A magnitude da queda [do
faturamento real], na casa dos dois dígitos e em cima de quedas que já têm sido
grandes em anos anteriores, mostra uma grande corrosão do faturamento das
empresas."
De
Brasília, Mariana Branco, repórter da Agência Brasil, 30/01/2017 – Publicada em
Brasil 247, em 31/01/2017
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