A primeira
delação da Odebrecht
A ministra Cármen Lúcia protocolou nesta
segunda-feira, 30, delações de 77 ex-executivos da Odebrecht. No primeiro
depoimento, público desde dezembro, o ex-diretor Cláudio Melo Filho revelou
repasses de até R$ 75 milhões em troca de vantagens para a empreiteira.
O esquema
funcionava assim:
DIÁLOGO
Segundo o delator, membros do setor de relações
institucionais da Odebrecht procuravam lideranças de partidos políticos para
defender interesses da empreiteira nos setores de aviação civil, aeroportos e
na votação de MPs e projetos do Congresso.
LÍDERES
Em sua delação, Cláudio Melo Filho detalhou como
o esquema funcionava junto ao PMDB. Segundo ele, Michel Temer era o mais
influente no grupo, mas era Eliseu Padilha ("Primo"), que comandava
negociações e arrecadações financeiras.
TROCA DE FAVORES
Após diálogo com a Odebrecht, os políticos
ajudavam na aprovação de demandas da Odebrecht, seja no então governo Dilma ou
no Congresso. Pelo menos sete medidas, entre MPs e projetos de resolução, foram
identificados como fruto do esquema.
RETRIBUIÇÃO
Aprovadas as medidas de interesse da Odebrecht, a
empreiteira repassava então valores para políticos. As propinas eram pagas ou
por meio de “doações” legais ou através de caixa 2 de campanhas eleitorais.
Os
citados
Michel Temer
É citado 43 vezes na delação de Cláudio Melo Filho.
O presidente da República lideraria o grupo indiretamente e teria pedido
doações da Odebrecht para o PMDB em 2014, quando era candidato à vice de Dilma
Rousseff. Ele nega envolvimento no esquema e diz que doações foram legais.
(Foto: Beto Barata-PR)
Eliseu Padilha
(Apelido: "Primo")
Ministro-chefe da Casa Civil, é citado como "a
pessoa mais destacada" para lidar com empreiteiros e arrecadar propinas.
"Ele atuava como verdadeiro preposto de Michel Temer e deixa claro que
muitas vezes fala em seu nome", diz Cláudio Melo. Padilha diz que a
delação é uma "mentira" e que jamais falou sobre política ou recursos
para o PMDB com o delator. (Foto: Wilson Dias-ABR)
(Na
Câmara)
Geddel Vieira Lima
(Apelido: "Babel")
Ex-chefe de governo de Temer, atuava próximo a
Padilha, "interagindo com agentes privados para atender seus pleitos em
troca de pagamentos". É citado 67 vezes no depoimento, incluindo pedido de
R$ 2,5 milhões para campanha a governador da Bahia em 2010. Nega tudo e diz que
as doações forma declaradas à Justiça. (Foto: Valter Campanato-ABR)
Moreira Franco
(Apelido: "Angorá")
Outro nome próximo de Padilha, teria atuado junto
aos setores de transportes e aviação civil (na época era ministro da área) para
beneficiar a Odebrecht. Citado 33 vezes, teria se reunido com Cláudio Melo
FIlho para debater modelos de concessões de aeroportos que beneficiassem a
empreiteira. Nega as acusações e diz que delação é mentirosa. Foto: José
Cruz-ABR
Eduardo Cunha (Apelido: "Caranguejo")
Em planilha apresentada por Cláudio Melo Filho,
aparecem 17 pagamentos para o ex-presidente da Câmara, totalizando R$ 10,7
milhões. Ele disse ainda ter se reunido diversas vezes com Cunha para debater
interesses da empresa. Defesa "refuta veementemente" as acusações e
destaca "incredulidade" em relação às "supostas" menções.
(Foto: Wilson Dias-ABR)
Paulo Skaf
Ex-presidente da Fiesp e candidato do PMDB ao
governo de São Paulo em 2014, teria recebido até R$ 6 milhões de Padilha. Nega
ter participado de irregularidades e diz que todos os recursos foram legais e
declarados à Justiça. (Foto: Antônio Cruz-ABR)
José Yunes
Amigo pessoal de Temer, o hoje assessor especial do
presidente teria aberto seu escritório em São Paulo para entrega de doações do
esquema. A assessoria nega qualquer envolvimento ou recebimento de dinheiro.
(Foto: Reprodução-TV Gazeta).
(No
Senado)
Renan Calheiros
(Apelido: "Justiça")
O presidente do Senado é apontado como líder do
grupo no esquema. Cláudio Melo Filho disse ter se reunido com Renan em 2014, na
residência oficial do Senado, onde disse que o filho seria candidato ao governo
de Alagoas e pediu apoio da Odebrecht. Renan diz que é "zero" a
chance de se encontrarem irregularidades nas contas. (Foto: Marcelo Camargo-ABR)
Eunício Oliveira (Apelido: "Índio")
Delator disse ter repassado cerca de R$ 2,1 milhões
para campanha do senador cearense em troca de atuação pró-Odebrecht no
Congresso. Cotado como favorito isolado para suceder Renan na presidência do
Senado, Eunício nega envolvimento e destaca que todas as suas doações são
legais e foram declaradas à Justiça Eleitoral. (Foto: Marcelo Camargo-ABR)
Romero Jucá ("Caju")
Ex-ministro do Planejamento que apareceu em
gravações formulando plano para "barrar" a Lava Jato, Jucá
centralizava, segundo Cláudio, o recebimento de pagamentos e distribuía os
valores entre grupo do PMDB no Senado. O delator disse que pagamentos ao
senador superam hoje R$ 20 milhões. Ele nega ter recebido os repasses. (Foto: Captura de imagem/Internet)
Outros
políticos citados (partidos diversos – PSDB, DEM, PTB, PSD, PSB, PP, PC do B e PT)
Cerca de outros 30 políticos são citados na delação
de Cláudio Melo Filho. Confira alguns:
Aécio Neves - Senador (PSDB-MG)
(Apelido: "Mineirinho")
É citado como articulador de repasse de R$ 1 milhão
para Agripino Maia (DEM-RN) em 2014. O senador aparece em planilhas como
suposto destinatário de repasses, mas Cláudio Melo Filho disse não ter
participado de reuniões com o tucano. (Foto: Valter Campanato-ABR)
Rodrigo Maia
- Deputado (DEM-RJ) - (Apelido:"Botafogo")
O presidente da Câmara é acusado de ter recebido R$
600 mil. Ele nega ter participado de qualquer negociação com a Odebrecht e
disse que nunca recebeu vantagem indevida por votações. (Foto: Marcelo
Camargo-ABR)
José Agripino Maia
(Apelido: "Gripado" e "Pino")
Senador do Rio Grande do Norte pelo DEM. Segundo
Cláudio Melo, teria repassado R$ 1 milhão para Agripino, a pedido do senador
Aécio Neves (PSDB-MG), em troca de apoio ao DEM. Disse desconhecer e
"repelir" as citações. (Foto: Antonio Cruz-ABR)
Gilberto Kassab
(Apelido: "Kafta")
O ministro da Ciência e Tecnologia aparece em
planilhas entregues por Cláudio Melo Filho à Justiça. O lobista, no entanto,
disse não ter tratado de repasses diretamente com o líder do PSD. (Foto: Fabio
Rodrigues Pozzebom-ABR)
Gim Argello (Apelido: "Campari")
O ex-senador pelo PTB do Distrito Federal é acusado
de ter recebido R$ 1 milhão não declarados e R$ 300 mil declarados. (Foto: Antonio
Cruz-ABR)
Marco Maia (Apelido:"Gremista")
O ex-presidente da Câmara é acusado de ter recebido
R$ 1,35 milhão da empresa em troca de apoio na CPMI da Petrobras. "Não
pedi e não autorizei ninguém a pedir em meu nome nenhuma doação para minha
campanha eleitoral em 2014 de quaisquer empresas que estivessem sendo
investigadas por tal CPMI", rebate. (Foto: Wilson Dias-ABR)
Delcídio do Amaral
(Apelido:"Ferrari")
É acusado de ter participado da aprovação de um
projeto de resolução pró-Odebrecht no Senado que alterou alíquotas de ICMS.
Teria recebido R$ 500 mil. Ele afirma que acusações são
"especulativas", "não oficiais" e "sem
credibilidade". (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom-ABR)
Ciro Nogueira (Apelido: "Piqui"
e "Cerrado")
O senador do PP do Piauí teria recebido R$ 300 mil
não declarados e R$ 1,8 milhão declarados. Ele afirma que todos os repasses são
legais e devidamente declarados à Justiça Eleitoral. (Foto: Divulgação)
Francisco Dornelles
(Apelido: "Velhinho")
Vice-governador do Rio de Janeiro pelo PP. É
acusado de receber R$ 200 mil não declarados. Ele nega e diz que todas as
doações seguem normas da Justiça Eleitoral. (Foto: Tânia Rego-ABR)
Heráclito Fortes (Apelido: "Boca
mole")
O deputado do PSB do Piauí teria recebido R$ 200
mil não declarados e R$ 50 mil declarados. Ele afirma só ter recebido contribuições
legais e aprovadas pela Justiça, sem qualquer acusação de propina. (Foto: José
Cruz-ABR)
Paulo Henrique Lustosa
(Apelido:"Educador")
Ex-deputado federal do Ceará pelo PP. É acusado de
receber R$ 100 mil. Nega e diz que todas as doações que recebeu foram legais.
(Foto: Divulgação)
Adolfo Viana (Apelido: "Jovem")
Deputado estadual pelo PSDB da Bahia, teria
recebido R$ 50 mil bçai declarados. Ele nega e disse que não conhece Cláudio
Melo Filho. (Foto: Divulgação)
Arthur Virgílio Neto
(Apelido: "Kimono")
Prefeito reeleito de Manaus pelo PSDB, é acusado de
ter recebido R$ 300 mil não declarados. Ele nega qualquer caixa 2 e diz que
todas as doações foram declaradas à Justiça. (Foto: Pedro França-Agência Senado)
Daniel Almeida
(Apelido:"Comuna")
Deputado federal pelo PCdoB da Bahia, é acusado de ter
recebido R$ 100 mil não declarados. Ele nega qualquer recebimento ilegal. Foto:
Agência Câmara
Inaldo Leitão (Apelido: "Todo
Feio")
O ex-deputado é acusado de receber R$ 100 mil não
declarados. Ele diz nunca ter tido relações com a Odebrecht nem ter atuado em interesse
da empresa. (Foto: reprodução-Facebook)
Jaques Wagner (Apelido: "Polo")
Cláudio Melo afirma que o ex-governador da Bahia
atendeu pleitos da empreiteira em troca de doações para seu sucessor, Rui
Costa, e para o PT da Bahia. O delator cita que Wagner teria cobrado R$ 10
milhões, às vésperas da eleição de 2014, em troca da liberação de dívida de R$
290 milhões do governo com a empresa. Não falou sobre o caso. (Foto: Antonio
Cruz-ABR)
Anderson Dornelles (Apelido: "Las
Vegas")
É acusado pelo lobista de ter recebido sete repasses
de R$ 50 mil de Marcelo Odebrecht, após reuniões onde pediu "auxílio
financeiro" ao empreiteiro. Assessor próximo da ex-presidente Dilma
Rousseff, era responsável por elaborar agenda da presidente. Ele nega ter
solicitado ou recebido qualquer repasse da empreiteira.(Foto: Divulgação).
Ações
aprovadas
MP 651/14: “Pacote de bondades” que criou uma série de
benefícios fiscais para o setor produtivo. Segundo Cláudio Melo Filho, ação
pró-Odebrecht na matéria foi conduzida por Romero Jucá, que propôs quatro
emendas de interesse da empreiteira – todas aprovadas. Em troca, campanha do
filho de Jucá como vice-governador de Roraima recebeu da empreiteira.
MPs 252/05 e 255/05: Medida que alterava regras de tributação em relação ao Cofins e PIS/Pasep em negócios da NAFTA Petroquímica e Condensado. Teve relatoria de Romero Jucá, que apresentou emenda de interesse da Odebrecht, no Senado, e de Geddel Vieira na Câmara.
Com Agências diversas, em 31/01/2017 - Compilação do:
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