terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Política

A primeira delação da Odebrecht

 
A ministra Cármen Lúcia protocolou nesta segunda-feira, 30, delações de 77 ex-executivos da Odebrecht. No primeiro depoimento, público desde dezembro, o ex-diretor Cláudio Melo Filho revelou repasses de até R$ 75 milhões em troca de vantagens para a empreiteira.

 O esquema funcionava assim:
DIÁLOGO
Segundo o delator, membros do setor de relações institucionais da Odebrecht procuravam lideranças de partidos políticos para defender interesses da empreiteira nos setores de aviação civil, aeroportos e na votação de MPs e projetos do Congresso.
LÍDERES
Em sua delação, Cláudio Melo Filho detalhou como o esquema funcionava junto ao PMDB. Segundo ele, Michel Temer era o mais influente no grupo, mas era Eliseu Padilha ("Primo"), que comandava negociações e arrecadações financeiras.
TROCA DE FAVORES
Após diálogo com a Odebrecht, os políticos ajudavam na aprovação de demandas da Odebrecht, seja no então governo Dilma ou no Congresso. Pelo menos sete medidas, entre MPs e projetos de resolução, foram identificados como fruto do esquema.
RETRIBUIÇÃO
Aprovadas as medidas de interesse da Odebrecht, a empreiteira repassava então valores para políticos. As propinas eram pagas ou por meio de “doações” legais ou através de caixa 2 de campanhas eleitorais.

Os citados
Michel Temer
Michel Temer
É citado 43 vezes na delação de Cláudio Melo Filho. O presidente da República lideraria o grupo indiretamente e teria pedido doações da Odebrecht para o PMDB em 2014, quando era candidato à vice de Dilma Rousseff. Ele nega envolvimento no esquema e diz que doações foram legais. (Foto: Beto Barata-PR)
 Eliseu Padilha (
Eliseu Padilha (Apelido: "Primo")
Ministro-chefe da Casa Civil, é citado como "a pessoa mais destacada" para lidar com empreiteiros e arrecadar propinas. "Ele atuava como verdadeiro preposto de Michel Temer e deixa claro que muitas vezes fala em seu nome", diz Cláudio Melo. Padilha diz que a delação é uma "mentira" e que jamais falou sobre política ou recursos para o PMDB com o delator. (Foto: Wilson Dias-ABR)

 (Na Câmara) Geddel Vieira Lima (
Geddel Vieira Lima (Apelido: "Babel")
Ex-chefe de governo de Temer, atuava próximo a Padilha, "interagindo com agentes privados para atender seus pleitos em troca de pagamentos". É citado 67 vezes no depoimento, incluindo pedido de R$ 2,5 milhões para campanha a governador da Bahia em 2010. Nega tudo e diz que as doações forma declaradas à Justiça. (Foto: Valter Campanato-ABR)
 Moreira Franco (
Moreira Franco (Apelido: "Angorá")
Outro nome próximo de Padilha, teria atuado junto aos setores de transportes e aviação civil (na época era ministro da área) para beneficiar a Odebrecht. Citado 33 vezes, teria se reunido com Cláudio Melo FIlho para debater modelos de concessões de aeroportos que beneficiassem a empreiteira. Nega as acusações e diz que delação é mentirosa. Foto: José Cruz-ABR
 Eduardo Cunha (
Eduardo Cunha (Apelido: "Caranguejo")
Em planilha apresentada por Cláudio Melo Filho, aparecem 17 pagamentos para o ex-presidente da Câmara, totalizando R$ 10,7 milhões. Ele disse ainda ter se reunido diversas vezes com Cunha para debater interesses da empresa. Defesa "refuta veementemente" as acusações e destaca "incredulidade" em relação às "supostas" menções. (Foto: Wilson Dias-ABR)
 Paulo Skaf
Paulo Skaf
Ex-presidente da Fiesp e candidato do PMDB ao governo de São Paulo em 2014, teria recebido até R$ 6 milhões de Padilha. Nega ter participado de irregularidades e diz que todos os recursos foram legais e declarados à Justiça. (Foto: Antônio Cruz-ABR)
 José Yunes
José Yunes
Amigo pessoal de Temer, o hoje assessor especial do presidente teria aberto seu escritório em São Paulo para entrega de doações do esquema. A assessoria nega qualquer envolvimento ou recebimento de dinheiro. (Foto: Reprodução-TV Gazeta).
(No Senado)

Renan Calheiros (Renan Calheiros (Apelido: "Justiça")
O presidente do Senado é apontado como líder do grupo no esquema. Cláudio Melo Filho disse ter se reunido com Renan em 2014, na residência oficial do Senado, onde disse que o filho seria candidato ao governo de Alagoas e pediu apoio da Odebrecht. Renan diz que é "zero" a chance de se encontrarem irregularidades nas contas. (Foto: Marcelo Camargo-ABR)
  Eunício Oliveira (
Eunício Oliveira (Apelido: "Índio")
Delator disse ter repassado cerca de R$ 2,1 milhões para campanha do senador cearense em troca de atuação pró-Odebrecht no Congresso. Cotado como favorito isolado para suceder Renan na presidência do Senado, Eunício nega envolvimento e destaca que todas as suas doações são legais e foram declaradas à Justiça Eleitoral. (Foto: Marcelo Camargo-ABR)
 Romero Jucá (
Romero Jucá ("Caju")
Ex-ministro do Planejamento que apareceu em gravações formulando plano para "barrar" a Lava Jato, Jucá centralizava, segundo Cláudio, o recebimento de pagamentos e distribuía os valores entre grupo do PMDB no Senado. O delator disse que pagamentos ao senador superam hoje R$ 20 milhões. Ele nega ter recebido os repasses. (Foto: Captura de imagem/Internet)
Outros políticos citados (partidos diversos – PSDB, DEM, PTB, PSD, PSB, PP, PC do B e PT)

Cerca de outros 30 políticos são citados na delação de Cláudio Melo Filho. Confira alguns:
 Aécio Neves ( Aécio Neves - Senador (PSDB-MG) (Apelido: "Mineirinho")
É citado como articulador de repasse de R$ 1 milhão para Agripino Maia (DEM-RN) em 2014. O senador aparece em planilhas como suposto destinatário de repasses, mas Cláudio Melo Filho disse não ter participado de reuniões com o tucano. (Foto: Valter Campanato-ABR)
 Rodrigo Maia (
Rodrigo Maia - Deputado (DEM-RJ) - (Apelido:"Botafogo")
O presidente da Câmara é acusado de ter recebido R$ 600 mil. Ele nega ter participado de qualquer negociação com a Odebrecht e disse que nunca recebeu vantagem indevida por votações. (Foto: Marcelo Camargo-ABR)
 José Agripino Maia (
José Agripino Maia (Apelido: "Gripado" e "Pino")
Senador do Rio Grande do Norte pelo DEM. Segundo Cláudio Melo, teria repassado R$ 1 milhão para Agripino, a pedido do senador Aécio Neves (PSDB-MG), em troca de apoio ao DEM. Disse desconhecer e "repelir" as citações. (Foto: Antonio Cruz-ABR)
 Gilberto Kassab (
Gilberto Kassab (Apelido: "Kafta")
O ministro da Ciência e Tecnologia aparece em planilhas entregues por Cláudio Melo Filho à Justiça. O lobista, no entanto, disse não ter tratado de repasses diretamente com o líder do PSD. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom-ABR)
 Gim Argello (
Gim Argello (Apelido: "Campari")
O ex-senador pelo PTB do Distrito Federal é acusado de ter recebido R$ 1 milhão não declarados e R$ 300 mil declarados. (Foto: Antonio Cruz-ABR)
 Marco Maia (
Marco Maia (Apelido:"Gremista")
O ex-presidente da Câmara é acusado de ter recebido R$ 1,35 milhão da empresa em troca de apoio na CPMI da Petrobras. "Não pedi e não autorizei ninguém a pedir em meu nome nenhuma doação para minha campanha eleitoral em 2014 de quaisquer empresas que estivessem sendo investigadas por tal CPMI", rebate. (Foto: Wilson Dias-ABR)
 Delcídio do Amaral (
Delcídio do Amaral (Apelido:"Ferrari")
É acusado de ter participado da aprovação de um projeto de resolução pró-Odebrecht no Senado que alterou alíquotas de ICMS. Teria recebido R$ 500 mil. Ele afirma que acusações são "especulativas", "não oficiais" e "sem credibilidade". (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom-ABR)
 Ciro Nogueira (
Ciro Nogueira (Apelido: "Piqui" e "Cerrado")
O senador do PP do Piauí teria recebido R$ 300 mil não declarados e R$ 1,8 milhão declarados. Ele afirma que todos os repasses são legais e devidamente declarados à Justiça Eleitoral. (Foto: Divulgação)
 Francisco Dornelles (
Francisco Dornelles (Apelido: "Velhinho")
Vice-governador do Rio de Janeiro pelo PP. É acusado de receber R$ 200 mil não declarados. Ele nega e diz que todas as doações seguem normas da Justiça Eleitoral. (Foto: Tânia Rego-ABR)
 Heráclito Fortes (
Heráclito Fortes (Apelido: "Boca mole")
O deputado do PSB do Piauí teria recebido R$ 200 mil não declarados e R$ 50 mil declarados. Ele afirma só ter recebido contribuições legais e aprovadas pela Justiça, sem qualquer acusação de propina. (Foto: José Cruz-ABR)
 Paulo Henrique Lustosa (
Paulo Henrique Lustosa (Apelido:"Educador")
Ex-deputado federal do Ceará pelo PP. É acusado de receber R$ 100 mil. Nega e diz que todas as doações que recebeu foram legais. (Foto: Divulgação)
 Adolfo Viana (
Adolfo Viana (Apelido: "Jovem")
Deputado estadual pelo PSDB da Bahia, teria recebido R$ 50 mil bçai declarados. Ele nega e disse que não conhece Cláudio Melo Filho. (Foto: Divulgação)
 Arthur Virgílio Neto (
Arthur Virgílio Neto (Apelido: "Kimono")
Prefeito reeleito de Manaus pelo PSDB, é acusado de ter recebido R$ 300 mil não declarados. Ele nega qualquer caixa 2 e diz que todas as doações foram declaradas à Justiça. (Foto: Pedro França-Agência Senado)
 Daniel Almeida (
Daniel Almeida (Apelido:"Comuna")
Deputado federal pelo PCdoB da Bahia, é acusado de ter recebido R$ 100 mil não declarados. Ele nega qualquer recebimento ilegal. Foto: Agência Câmara
 Inaldo Leitão (
Inaldo Leitão (Apelido: "Todo Feio")
O ex-deputado é acusado de receber R$ 100 mil não declarados. Ele diz nunca ter tido relações com a Odebrecht nem ter atuado em interesse da empresa. (Foto: reprodução-Facebook)
 Jaques Wagner (
Jaques Wagner (Apelido: "Polo")
Cláudio Melo afirma que o ex-governador da Bahia atendeu pleitos da empreiteira em troca de doações para seu sucessor, Rui Costa, e para o PT da Bahia. O delator cita que Wagner teria cobrado R$ 10 milhões, às vésperas da eleição de 2014, em troca da liberação de dívida de R$ 290 milhões do governo com a empresa. Não falou sobre o caso. (Foto: Antonio Cruz-ABR) 

Anderson Dornelles (
Anderson Dornelles (Apelido: "Las Vegas")
É acusado pelo lobista de ter recebido sete repasses de R$ 50 mil de Marcelo Odebrecht, após reuniões onde pediu "auxílio financeiro" ao empreiteiro. Assessor próximo da ex-presidente Dilma Rousseff, era responsável por elaborar agenda da presidente. Ele nega ter solicitado ou recebido qualquer repasse da empreiteira.(Foto: Divulgação).
Ações aprovadas
MP 651/14: “Pacote de bondades” que criou uma série de benefícios fiscais para o setor produtivo. Segundo Cláudio Melo Filho, ação pró-Odebrecht na matéria foi conduzida por Romero Jucá, que propôs quatro emendas de interesse da empreiteira – todas aprovadas. Em troca, campanha do filho de Jucá como vice-governador de Roraima recebeu da empreiteira.

MPs 252/05 e 255/05: Medida que alterava regras de tributação em relação ao Cofins e PIS/Pasep em negócios da NAFTA Petroquímica e Condensado. Teve relatoria de Romero Jucá, que apresentou emenda de interesse da Odebrecht, no Senado, e de Geddel Vieira na Câmara.
 Com Agências diversas, em 31/01/2017 - Compilação do:

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