Moro diz ser impossível coibir vazamentos e não vê
conflito na foto com Aécio
O
juiz federal Sérgio Moro disse ser praticamente impossível encontrar e punir os
autores dos vazamentos de delações premiadas e que as investigações são
"quase como se fosse uma caça a fantasmas". Moro destacou que a
apuração "fica comprometida por questões jurídicas", ligadas ao
direito ao sigilo de fontes de jornalistas e a liberdade de imprensa, que são
assegurados pela Constituição. "Não estou reclamando destas proteções
jurídicas, acho importante", afirmou Moro em entrevista à BBC Brasil.
O
magistrado também disse não ver conflito ético nas fotos em que aparece
sorridente ao lado do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que é investigado pela
Lava Jato pela suspeita de ter recebido R$ 50 milhões em propinas pagas pelas
empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez, após a realização do encontro para
a construção da hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia, em 2007. "Olha,
não tenho nenhum processo do senador na minha responsabilidade porque ele tem
foro privilegiado e não foi tratado sobre assuntos relativos ao processo,
evidentemente", destacou Moro.
Sobre
os vazamentos, Moro destacou que "nossa legislação exige que estes
processos sejam conduzidos em público, que os julgamentos sejam públicos, e
isso significa também que as provas acabam se tornando públicas em um momento
no processo. Então, muitas vezes, o que as pessoas falam que é vazamento na
verdade não é".
"Pontualmente
realmente ocorreram vazamentos e muitas vezes se tenta investigar isso, mas é
quase como se fosse uma caça a fantasmas, porque normalmente o modo de se
investigar isso de maneira eficaz seria, por exemplo, quebrando sigilos do
jornalista que publicou a informação. E isso nós não faríamos, porque seria
contrário a proteção de fontes, à liberdade de imprensa", afirmou.
Recentemente,
Moro foi duramente criticado pela imprensa, associações de profissionais e até
por entidades internacionais por ter determinado a condução coercitiva do
blogueiro Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania.
Moro
também se defendeu das acusações de parcialidade por ter sido fotografado,
conversando e sorridente, com Aécio Neves, que é investigado pela Lava Jato.
"Era um evento público, foi tirada a foto, e o que há é uma exploração
política do episódio, mas não existe nenhum comportamento impróprio da minha
parte", destacou. "Eu não tenho nenhum processo do senador na minha
responsabilidade porque ele tem foro privilegiado e não foi tratado sobre
assuntos relativos ao processo, evidentemente. Se você está em um evento e as
pessoas tiram fotos, bem, não tem como evitar", completou.
De Brasília, Brasil 247,
em 10/04/2017, às 08h18
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