Por Carlos D’Incao (*)
Não sejamos inocentes e muito menos precipitados.
Iremos acreditar que - de repente - a Rede Globo e o Poder
Judiciário acordaram dispostos a fazer justiça social e se tornaram (junto com
o a classe trabalhadora) em inimigos de Aécio Neves, PSDB e Temer?
Quantas provas serão necessárias para chegarmos à conclusão de que
o plano dessa emissora e do judiciário é impor a lógica do desgoverno contínuo
para nossa nação?
Quantas vezes os vazamentos cairão convenientemente nas mãos da
Rede Globo? Já não está claro o suficiente para todos que o judiciário e a Rede
Globo são duas faces da mesma moeda?
Imaginem o quanto não lucraram no mercado financeiro e no mercado
cambial aqueles que sabiam dessas informações bombásticas que
"alguém" do judiciário gentilmente doou à Rede Globo...
Mais: Quem no STF permitiu um empresário gravar de forma
clandestina uma conversa com o Presidente da República? Isso é um novo e
flagrante golpe! E se fosse com a Dilma? Agora então pode?
Obviamente que quem é do campo da esquerda está agora feliz em ver
Aécio perdendo o cargo de senador, sua irmã sendo presa, Temer sendo investigado
e esculhambado no Jornal Nacional e os golpistas provando do seu próprio veneno.
Mas não sejamos massa de manobra. Temos que lembrar que isso não é
um "Fla-Flu", isso aqui é um jogo muito mais sério: trata-se agora de
defendermos a soberania nacional de um ataque de setores reacionários,
anti-democráticos e que atuam em conjunto com nações estrangeiras, em especial
os EUA.
Não acharemos no mínimo estranho o dono da JBS - depois de ter
alegado que corrompeu todos os partidos e políticos do Brasil na cifra que
chega a bilhões de reais - simplesmente ganhar de "presente" sua
liberdade nos EUA?
Enquanto isso Marcelo Odebrecht e outros executivos da OAS e da
Odebrecht ainda continuam presos... Isso não soa pelo menos um pouquinho
desproporcional? Qual é a diferença da Odebrecht, da OAS e da JBS? Uma
diferença salta aos olhos: a JBS tem a maior parte do seu capital nos EUA.
A direita brasileira foi ingênua em acreditar que sua vida ia ser
um céu de brigadeiro com a queda de Dilma. Abraçou essa aventura sem questionar
o real custo disso tudo e sem saber os verdadeiros planos que estavam por de
trás da derrocada do PT.
A ideia sempre foi tornar o Brasil em uma grande massa falida e
comprá-lo de forma barata e fatiada. Para que esse procedimento ocorra no mercado,
é necessário a instabilidade política contínua.
Agora querem a queda do Temer. Depois vão querer eleições
indiretas e a escolha de dois políticos frágeis e sem legitimidade para se
submeterem aos ditames da lógica do desgoverno.
Esse novo presidente ilegítimo servirá para ser derrubado nas
ruas. Seu vice, ainda mais ilegítimo, assumirá para dar conta de um calendário
catastrófico de sucessão presidencial onde não restará nenhum presidenciável
capaz de governar o Brasil pois, em paralelo a tudo isso, o judiciário já terá
condenado Dilma e Lula.
E esse é justamente o nome que as forças do desgoverno contínuo
possuem como último obstáculo: Lula. Para se evitar uma "saída Lula",
parte do caquético generalato do exército brasileiro já está a postos. O que é incerto
é saber até quando uma saída desse nível não irá ser do tipo "tentar
apagar fogo com gasolina"...
Por isso é importante nos unirmos em torno da defesa de Lula
(gostemos dele ou não) e contra as forças anti-democráticas da Rede Globo e do
Poder Judiciário. Essas forças querem destruir todas as instituições políticas
no Brasil.
Isso não significa que devemos apoiar os crimes que estão
ocorrendo na política hoje. Mas duas verdades devem ser ditas: 1 - Está mais do
que provado de que são as grandes empreiteiras e as grandes corporações, as
corruptoras ativas do processo político brasileiro; 2 - Se reformas políticas
são necessárias, não será a pútrida Rede Globo e muito menos os escravistas do
judiciário quem ditarão o conteúdo dessas reformas.
Uma união pluripartidária em defesa das instituições políticas é
urgente. O ideal seria a própria direita entender que o único líder capaz de
salvaguardar o poder executivo, o poder legislativo e a soberania nacional tem
um nome fácil de se pronunciar: LULA.
E a única forma de se estabelecer o fim do caos são eleições
diretas já. O ideal é que isso fosse realizado por um processo conduzido - de
forma imediata - pelo próprio Temer... Mas para isso seria necessário
inteligência da parte dele... E da direita... Mas se eles não forem
inteligentes, que ao menos nós, do campo popular, sejamos... UNIDOS,
RESISTENTES E INTELIGENTES.
(*) - O autor deste Artigo, Carlos D'Incao é historiador. Publicado em 22/05/2017, em Brasil 247
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