PF diz que Michel Temer embaraçou investigações
O Supremo Tribunal Federal (STF)
divulgou o relatório final sobre as investigações das delações da JBS, enviado
no início da noite à Corte pela Polícia Federal (PF). No documento, a PF
diz que o presidente Michel Temer e o ex-ministro Geddel Vieira Lima cometeram
crime de embaraço às investigações. A acusação é baseada no áudio da
conversa gravada pelo empresário Joesley Batista, um dos donos da empresa, com
o presidente, em março, no Palácio do Jaburu. A assessoria do Palácio do
Planalto informou que não irá se manifestar sobre o relatório.
“Cumpre-nos, à luz do exposto,
respeitando o espectro cognitivo próprio desta sede indiciária, concluir pela
prática, em tese, das condutas típicas abaixo especificadas: Michel Miguel
Elias Temer Lulia, por embaraçar investigação de infração penal praticada por
organização criminosa, na medida em que incentivou a manutenção de pagamentos
ilegítimos a Eduardo Cunha, pelo empresário Joesley Batista, ao tempo em que
deixou de comunicar autoridades competentes de suposta corrupção de membros da
Magistratura Federal e do Ministério Público Federal que Ihe fora narrada pela
mesmo empresário”, diz trecho do relatório.
Perícia
A PF também concluiu que não houve
edições ou fraude no áudio da conversa gravada pelo empresário Joesley Batista
com Temer. O relatório chegou ao Supremo e foi rremetido à
Procuradoria-Geral da República (PGR), órgão que será responsável por eventual
denúncia ao Supremo contra o presidente e Geddel. A perícia na gravação
foi solicitada pela defesa de Temer, no mês passado. Os advogados questionam no
STF a legalidade da gravação e afirmam que há muitas contradições no depoimento
de Joesley Batista.
No mesmo documento, a PF acusa o
ex-ministro Geddel Vieira Lima “por ter manifestado interesse junto a
executivos do Grupo J&F na manutenção de pagamentos a Lúcio Bolonha Funaro,
como forma dissuasória de eventual colaboração com a Justiça, monitorando junto
a familiares de Funaro o seu ânimo para tal iniciativa”, diz o relatório.
Na semana passada, o ministro Edson
Fachin, relator da investigação sobre o presidente, abriu prazo para a PGR se
manifestar sobre o inquérito para investigar o presidente. Com a decisão, a
procuradoria tem até amanhã (27) para decidir sobre eventual denúncia contra o
presidente e outros citados nas investigações, entre eles, o ex-deputado
federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).
De Brasília, André Richter,
repórter da Agência Brasil, 26/06/2017 20h35, atualizada em 27/06/2017, às
09h02
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