quarta-feira, 28 de junho de 2017

Opinião - Artigo

ARRASAR CACHOEIRA
 
Inocêncio Nóbrega (*)
A senadora Lídice da Mata ocupou a tribuna do Senado, na tarde de 27 último, para um registro histórico, segundoela fugindo às mesmices dos discursos atuais, em função da crise que ocorre. Ela que foi, recentemente, agraciada com a Medalha Maria Quitéria, heroína na Guerra do Recôncavo Baiano, relembrou não só 2 de Julho, quando o brigadeiro Inácio Luís Madeira de Melo teve de voltar mais cedo para seu país, Portugal, como se deteve, mais especificamente, ao 25 de Junho, data na qual a brava Rosário de Cachoeira aclamou, ao som sibilar das baionetas lusas, D. Pedro,Príncipe Regente do Brasil.            
Até chegarmos àquele dia de 1823 a região ardia em lutas armadas, entre patriotas e impertinentes lusos, que prometiam arrasar a Vila de Cachoeira, onde se refugiavam inúmeros brasileiros, para se livrarem da opressão da soldadesca invasora, na Bahia.
Para oprimi-los,o brigadeiro Inácio Madeira mandou uma esquadra de guerra, sob comando do tenente Fortunato do Vale, substituído por outro oficial, de nome Duplaquet, fundeando-se na vizinha Baia de Todos os Santos. Questão de horas, e a marujada iniciaram os ataques, em frente à Praça dos Arcos, aos intrépidos cachoeiranos.
A covarde ação foi considerada um ultraje, pela população local, a qual, na madrugada de 24 de Junho decidiu enfrentar o inimigo.
No dia seguinte, os revolucionários, após participarem de uma sessão solene na Câmara e de Te Deum na Igreja Matriz, retornam às ruas, propondo D. Pedro, Príncipe Regente do Brasil, entrando em conflito armado com a canhoneira de Duplaquet. O tiroteio durou cerca de três horas. Havia combinado de que a Câmara realizaria nova sessão solene, à tarde, onde, solenemente, se aclamaria D. Pedro I. Termo de Vereação foi assinado nessa mesma ocasião, na presença, em massa, dos patriotas. 
Contingente do Cel. Rodrigo, tropas de Garcia Pacheco, juntos a cem revolucionários estacionam na Praça da Regeneração, dando cobertura ao Ato da Câmara. Aguardavam a vinda de voluntários remanescentes da Revolução de 1817, de nordestinos e mineiros, formando o grande Exército Pacificador. Mais tarde, sucederam as vitórias do Pirajá e do Cabrito, pondo em fuga, definitivamente, os portugueses. Mas eles sempre retornam, reencarnados nas figuras dos militares, que queriam bombardear o Palácio Piratini, em 1961 e de 1964. Desta vez são os civis, pelo Golpe de 2016, desejando alienar o patrimônio nacional, destruir a Petrobrás e aniquilar direitos dos trabalhadores.
O exemplo dos cachoeiranos continua vivo no sangue rebelde dos brasileiros de hoje, na defesa da soberania do País, conforme construíram nossos compatriotas de ontem.  
(*) – Inocêncio Nóbrega éJornalista e Escritor, 28/06/2017

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