Procuradores da Lava Jato
criticam Gilmar e insinuam apoio a Cunha
A força-tarefa da Lava Jato segue empenhada também nas questões
políticas.
Nesta quinta, um artigo publicado pelos procuradores Carlos Fernando dos Santos
Lima e Diogo Castor de Mattos criticou
a mudança de comportamento dos ministros do Supremo Tribunal Federal em relação
à prisão após julgamento de recursos de segunda instância.
A dupla critica Gilmar Mendes e insinua que poderia haver um interesse
político por trás da mudança, como apoio a Eduardo Cunha.
"Criminosos ricos e poderosos não vão para a cadeia no Brasil. Isso
era verdade quase absoluta no Brasil antes de 2016, pois a aposta mais certa
que se poderia fazer era a da impunidade de criminosos do colarinho branco.
Poderiam até ser condenados em primeiro ou segundo grau, mas ficariam livres
até que essa sentença transitasse em julgado. Na prática, diante dos inúmeros
recursos e manobras processuais, ajudados pela leniência dos tribunais
superiores, certa era a morte ou a cancelamento do processo pela demora
(prescrição), mas não a prisão.
Entretanto, em fevereiro de 2016, quando a
Operação Lava-Jato encontrava-se a pleno vapor, o STF trouxe a esperança de
mudança, pois no habeas corpus nº 126.292, o plenário do STF, por sete votos a
quatro — inclusive com votos favoráveis de Dias Toffoli e Gilmar Mendes —
decidiu pela possibilidade de execução provisória da pena de prisão após o
julgamento dos recursos de segunda instância.
(...)
Já no fim de 2016, o ministro Dias Toffoli mudou de ideia, passando a
defender que deveria se permitir a execução somente após a análise de todos os
recursos no STJ. O placar ficou 6 x 5. Nesta semana, outro que mudou de ideia
foi Gilmar Mendes. Segundo ele, também é necessário esperar a palavra final do
STJ.
(...)
O que houve para que Gilmar e Toffoli mudassem suas posições? Cremos que
nunca saberemos com certeza, mas é lamentável que os julgamentos de decisões
importantes do STF sejam tomados pelo casuísmo, sendo modificados conforme o
momento político.
Uma coisa, contudo, é certa. Se houver mesmo a mudança de entendimento
do STF, nenhum réu condenado na Lava-Jato, seja Lula, seja Cunha, seja lá quem
for, mesmo confirmada a sentença de Sérgio Moro pelo TRF4 de Porto Alegre,
cumprirá pena. A impunidade vai prevalecer."
De Brasília, Brasil 247, em
17/08/2017
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