quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Opinião - Artigo

O fico de cada um
     Inocêncio Nóbrega (*)
                Tentemos, neste breve comentário, repassar alguns episódios que marcaram a vida política do Brasil, a partir de nove meses anteriores a sua Independência, que em 2022 completará duzentos anos.  Qualquer semelhança à realidade de hoje, é mera coincidência.
                Do Palácio das Necessidades vem a decisão de “fixar o ano de 1822 para o Brasil reduzir-se à Colônia”. Trata-se de uma meta emanada das Cortes de Lisboa, com desaprovação dos deputados brasileiros. Recomendavam seu rigoroso cumprimento, ao determinar, antes de tudo, a volta incondicional de D. Pedro. O brigue “infante D. Sebastião” foi portador de dois decretos, nesse sentido.
                A reação, entre nós, foi fulminante. Não se dispunha, à época, do recurso dos protestos nas ruas, nem redes sociais, todavia bastaram S. Paulo e Rio de Janeiro se mobilizar na obtenção de uma representação popular, a ser entregue ao monarca. Oito mil assinaturas sugeriram a S. Alteza a opção de ficar. Contra vantagens pessoais, que a metrópole lusa lhe oferecia, respondeu ele, em memorável entrega do documento, no dia 9 de janeiro: “Para o bem de todos e felicidade geral da Nação, diga ao povo que fico”!
                Tais milhares de subscrições equivalem, mantida a proporcionalidade populacional, a 81% das opiniões dos brasileiros, que defendem a saída de Michel Temer. Fruto de uma combinação com a maioria dos parlamentares,  encastelados no Congresso Nacional,  tão conservadores quanto aos colegas lusitanos, também decidiu ficar, alguns deles traidores de sua própria Pátria. Ficar por interesses externos, contra a expectativa da população.
                D. Pedro e Temer ficaram: o primeiro, como uma das medidas prioritárias de seu império, unir nosso povo pela causa da independência. José Bonifácio, seu conselheiro principal, a ele nada se assemelha um Eliseu Padilha, por exemplo. Aquele paulista divulgava ao mundo os parâmetros de nova nação, pelo o que acreditava na dignidade do futuro Imperador.  Outro paulista, conspirando contra a soberania nacional.
 Assessorado por experientes mestres da corrução, e ele próprio, seu Chefe, sem conhecimentos da nossa história, esse é o gênero de governar.
Trago esse assunto para reflexão de nós mesmos, em relação ao próximo pleito. Quem, sem credibilidade, não deverá assumir a Presidência da República ou ocupar cadeiras parlamentares, favorecendo interesses externos, em mandatos que coincidirão com o bicentenário da nossa Independência. O momento que virá é histórico, tão valioso quão ao primeiro centenário, em 1822, sob as mãos seguras e austeras do presidente Epitácio Pessoa.  Essa decisão é mais cívica que eleitoral, por isso a reforma deve ser mais cultural que política.
                (*) Inocêncio Nóbrega é Jornalista e Escritor (e-mail: inocnf@gmail.com) Em 10/08/2017

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