Lula é do povo, ama o povo e tem a
força do povo
Por Laurez Cerqueira
(*)
Lula é do povo, ama o povo,
tem a força do povo e ninguém vai tirar, nem dele nem do povo, a capacidade de
lutar contra as injustiças. Ele tem sete vidas e o povo também.
Duvido que alguém dos vivos
desta terra tenha doado mais da própria vida ao Brasil, tenha recebido mais
títulos de Doutor Onoris Causa, das mais importantes universidades
internacionais e nacionais, e, ao mesmo tempo, tenha sofrido mais perseguição
política e injustiças do que Lula.
Ele é o maior líder da
história do Brasil, queiram ou não, arrasta multidões de trabalhadores e
trabalhadoras por ruas e praças das cidades de norte a sul do país por que quer
simplesmente justiça.
Lula foi preso na ditadura no
dia 19 de abril de 1980, porque lutava ao lado do povo nas greves do ABC, em
São Paulo, queria justiça e democracia. Foi achincalhado por procuradores com
um power point e acusado publicamente, numa coletiva à imprensa, de ser
"chefe de quadrilha". Antes, o ex-presidente foi detido pela Polícia
Federal em sua própria residência e humilhado, ao ser levado para depor por
meio de condução coercitiva.
Trinta e sete anos depois de
ser preso injustamente pelos militares, foi condenado, sem nenhuma prova, pelo
juiz de primeira instância, Sérgio Moro, no dia 12 de julho de 2017, a nove
anos e seis meses de prisão, aos 71 anos de idade, depois de ter sido
presidente da República, eleito duas vezes pela imensa maioria dos votos da
população.
Os procuradores e o juiz se
comportaram como dois "Capitães do Mato".
Tudo isso porque Lula governou
com prioridade para os de baixo, mobilizou o povo e fez um dos mais nobres
gestos democráticos da história do Brasil: organizou o Foro de Desenvolvimento
Econômico Social, sentou-se numa mesa com trabalhadores, empresários,
banqueiros, autoridades, acadêmicos e intelectuais, debateu e negociou um
grande projeto de desenvolvimento sustentável e inclusão social para o país,
tendo o Estado como indutor do crescimento e a Constituição de 1988 como
referência para fazer valer os direitos conquistados pela imensa população que
vivia cruel apartheid social no Brasil desde os tempos coloniais.
Propiciou a trabalhadores e
trabalhadoras de comunidades rurais e urbanas, de toda diversidade étnica do
país, a cidadania, o acesso a direitos inscritos na Constituição (Art. 6º
"São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição") e gerou mais de 20 milhões de empregos.
O atraso organizado,
cristalizado na elite empresarial, ainda de mentalidade colonial, preferiu
demolir, com o golpe de Estado, o projeto de desenvolvimento sustentável, com
inclusão social e soberania, e, junto, derrubar as estruturas institucionais da
República, que tentavam se firmando como pilares da democracia, para tentar
rearticular o poder das velhas oligarquias, dos rentistas.
Preferiu tudo isso a admitir a
cidadania do povo, a democracia, os direitos sociais assegurados na
Constituição. Para o atraso organizado, direitos para os de baixo ameaçam a
velha ordem colonial, os grandes negócios das corporações transnacionais, os
interesses de sempre das nações centrais.
Acontece que o povo
experimentou os direitos e parece que não vai aceitar o retrocesso, a
ressubordinação aos poderosos. Está mandando um recado a eles, por meio de
pesquisas eleitorais, que quer de volta o que lhe foi tirado. Se não o tirarem
da disputa eleitoral, Lula vai levantar o povo e firmar o resultado das
eleições.
O início da caravana da
cidadania em Salvador, marcado pela comoção de uma multidão de pessoas aos
brados de "Lula guerreiro, do povo brasileiro" deu a dimensão disso,
mostrou que o desejo de retomada da democracia e dos direitos é latente no povo
e deve se espalhar por todo o país como uma onda de rebelião pacífica e
consciente para recolocar o país nos trilhos, que se descarrilhou com o golpe
de Estado.
(*) – Laurez Cerqueira é escritor, autor
de várias obras, entre as quais, Florestan Fernandes, vida e obra. Art. Publicado
em Brasil 247. 23/08/2017
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