Maia comanda votação de denúncia contra Temer em meio à crise
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), negou, nessa quinta-feira, que os problemas entre PMDB e DEM possam
influenciar na tramitação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer
na Câmara. “O DEM não vai misturar uma coisa com outra. Nós não vamos misturar
uma coisa tão grave, que é a denúncia, com um problema que envolve dois
partidos e envolve parte do Palácio do Planalto”, afirmou Maia, após participar
da Cúpula das Câmaras de Comércio argentinas no Brasil, no Rio de Janeiro.
Na quarta-feira, Maia fez duras
críticas ao presidente Temer e a ministros palacianos, ameaçando inclusive
retaliação do DEM em votações de interesse do governo. Segundo Maia, o governo
e o PMDB têm tratado o seu partido como “adversário” e isso poderia refletir na
relação da bancada com o Planalto no Congresso. “Nós queremos saber qual é a
verdadeira posição do governo e do PMDB em relação aos Democratas. Tem parecido
um tratamento de adversários, eu espero que não vire uma relação entre
inimigos”, disse ontem o presidente da Câmara.
O motivo do mal-estar com o Planalto
se deve ao fato de o PMDB ter filiado, no início de setembro, o senador
Fernando Bezerra (PE), à legenda. Bezerra vinha sendo “cortejado” pelo DEM. E o
que irritou bastante Maia foi o fato de os ministros Eliseu Padilha (Casa
Civil) e Moreira Franco (Secretaria da Presidência) terem comparecido à posse
de Bezerra ao PMDB.
“Mas esse assunto já está encerrado.
Já falei o que eu tinha para falar, certamente o governo ouviu e eu espero que
o governo se atenha à gestão do governo”, disse hoje Maia. Segundo ele, o
Brasil precisa muito que o “governo continue na linha das reformas, que a
economia continue crescendo, que a gente volte a gerar emprego com carteira
assinada”.
Questionado pela imprensa se teria
subido o tom, Maia confirmou e mostrou novamente ressentimento com a presença
dos dois ministros na filiação de Bezerra ao PMDB. “Chega uma hora que eu tenho
que alertar. Meu partido faz parte do governo, tem o Ministério da Educação, o
ministro Mendonça (Mendonça Filho), que vai muito bem, vem fazendo um excelente
trabalho. Nós acreditamos na agenda do governo de reformas, lideramos a votação
da terceirização, da reforma trabalhista e, se Deus quiser, em outubro, vamos
liderar a votação da reforma da previdência. Agora, na hora que o governo
coloca dois de seus ministros na filiação de um senador que caminhava para o
Democratas, eu tenho que alertar que isso incomodou a bancada para que amanhã
ninguém tenha motivo de susto”, afirmou.
Maia, no entanto, afirmou estar certo
de que o Planalto entendeu que não poderia ter enviado os dois ministros à
posse de Bezerra. “Eu acho que já está superado. Eu tenho certeza que o governo
entendeu a minha preocupação. Não é uma preocupação do DEM; é uma preocupação
com o governo, porque nós, os deputados do DEM, que estão ajudando o governo.
Tem um movimento do governo contra o DEM, acaba que, numa votação importante,
como a reforma da previdência, a gente pode perder votos. Não é isso que nós
queremos. Queremos o partido votando unido, em todas as votações,
principalmente nas reformas”, afirmou.
Denúncia. Sobre o encaminhamento
na Câmara da segunda denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra
Temer, Maia afirmou que irá proceder da mesma forma que fez na primeira denúncia.
“Com total isenção, cumprindo o regimento da Casa, para que o assunto seja
resolvido dentro do regimento, o mais rápido possível”.
O presidente da Câmara avaliou ainda
que o assunto “quase paralisa” a Câmara, por isso, destacou, é importante ter
uma solução o mais rápido possível.
Com informações O Estadão, em
22/09/2017
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