A hora da Globo
Por Leandro Fortes (*)
Não vejo Jornal Nacional por
recomendação médica, mas fui ver o VT da edição recente, sobre o escândalo da
Fifa. É pânico em estado puro.
Sem nenhum outro argumento, o
JN anunciou, em quatro oportunidades, num jogral constrangido de seus
apresentadores, que uma "investigação interna" nada encontrou que
corroborasse a denúncia de pagamento de propina feita, nos Estados Unidos, pelo
empresário argentino Alejandro Burzaco.
"Investigação
interna" é, obviamente, uma fantasia ridícula pensada às pressas para ser
colocada no Jornal Nacional, uma vez que a outra alternativa - não falar sobre
o assunto - deixou de ser viável, por causa das redes sociais.
Qualquer mentecapto, mesmo
entre os que veem o JN todo dia, percebeu que nunca houve investigação interna
nenhuma, mas a construção de uma desculpa esfarrapada para segurar as pontas
enquanto a turma decide como sair dessa enrascada com a cabeça em cima do
pescoço.
Explica-se: o crime de
perjúrio, nos Estados Unidos, é gravíssimo, e o processo de delação, ao
contrário do que ocorre na República de Curitiba, existe para gerar
consequências práticas dentro do processo legal. Em suma, o Judiciário
americano não usa a delação para fustigar inimigos, mas para produzir provas.
Burzaco não iria acusar a
Globo e outra meia dúzia de ultra poderosos grupos internacionais de mídia se
não tivesse como provar o que está dizendo.
E como a Globo não tem como
amansar juízes dos EUA com diáfanas premiações do tipo faz-a-diferença, é certo
que, pela primeira vez na vida, os Marinho correm um risco real de se dar mal.
A conferir.
(*)
– Leandro Fortes é jornalista. Publicado em Brasil, 247 de 15/11/2017. No blog, em 20/11/2017
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