BRANQUINHOS DO REINO
Inocêncio
Nóbrega(*)
Manuel da Costa Braga trabalhava como
sapateiro em Ouro Preto, adepto das lutas populares que emergiam naquela região
mineira, pela independência do Brasil. Referindo-se aos áulicos da Coroa deixou
soltar, para a história, essa frase: “Estes branquinhos do Reino, que querem
tomar nossa terra, cedo haveremos de deitá-los fora dela”.
Branquinhos,
de peles sedosas, de fisionomia e sobrenomes atípicos à miscigenação
brasileira, convivendo com facções separatistas locais, são os três
desembargadores que sentenciaram Lula a uma longa prisão. Imaginem Gebram, Paulsen
e Laus, todos bem nutridos a churrascos e chimarrão, julgando um Silva do nordeste,
fugidio da seca, sustentado a feijão e farofa, como sobremesa uma cachacinha.
São dois hábitos culturais em jogo. Para aqueles, os interesses do Brasil não
vêm ao caso, somente as ordens emanadas dos andares superiores. Em razão dessa
disparidade o resultado, unânime, não poderia ser outro.
Usando,
indevidamente, as leis, como seus colegas magistrados do Peru e da Argentina
fazem, com relação aos ex-presidentes e simpatizantes de Kirchner e Ollanta,
não havendo dúvida de seu comprometimento com a lawfare, nova estratégia do Pentágono, disseminada a partir de 1970 para, mediante
utilização de determinadas manobras legais, as quais são convertidas em armas
letais de perseguição a governos populares da América Latina. Natural que Lula, pré-candidato à Presidência
da República, por haver seguido uma política externa independente, num
realinhamento a forças do povo e de autonomia continental, sofra esse tipo de
condenação. O combate, seletivo, à corrução, com subtração, indevida, de
direitos a adversários que se proponham defender as nobres causas da nação,
como sua soberania e preservação de seu patrimônio, na verdade incorrem em crime
de lesa-pátria, pelo que a história não perdoa.
Os
respeitosos jurisconsultos de Curitiba e Porto Alegre, ao seguirem a doutrina
ministrada na Universidade de Haward, por atos e decisões ocultam a
imparcialidade, vetor maior da Justiça. Trocam simpatias a autoridades
jurídicas norte-americanas e ao FBI, em sintonia com o mercado de capitais, deixando
patente o grau de subordinação a grupos externos. Ocasionam a quebra das
estatais e das empreiteiras, decorrendo milhares de desempregados, e o pior,
estimulam cizânias na família nacional. Se tivessem melhores intenções FHC
também estaria sendo julgado pela geração de seu apartamento em bairro nobre de
Paris, além de uma gama de memoráveis políticos.
A composição do Colegiado, que cartelizou seus
votos, foi lamentável equívoco da nossa Justiça, a qual, nessas circunstâncias,
deve dar uma resposta convincente à sociedade brasileira.
(*) - Inocêncio Nóbrega é Jornalista - (inocnf@gmail.com) Publicado em 30/01/2018
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