Rocha Loures delatou os operadores de Temer?
O dado mais intrigante da Operação Skala, que prende três operadores de
Michel Temer – José Yunes, o cornel Lima e Wagner Rossi – e dois empresários do
setor portuário é a ausência de Rodrigo Rocha Loures, o "homem da
mala", que foi filmado, correndo pelas ruas de São Paulo, com uma mala com
R$ 500 mil, vinculada ao escândalo dos portos. O que se comenta em
Brasília é que, provavelmente, Rodrigo Rocha Loures delatou toda a turma de
Temer. Outro fato que contribui para essa especulação é a decisão da família de
vender a Nutrimental, principal empresa dos Rocha Loures.
Abaixo,
reportagem da Reuters sobre mais um escândalo envolvendo Temer:
A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira o ex-assessor especial
da Presidência José Yunes e o coronel aposentado da Polícia Militar João
Baptista Lima Filho, o coronel Lima, ambos amigos próximos do presidente Michel
Temer, aumentando a pressão sobre o presidente no âmbito do chamado inquérito
dos portos.
Além deles, também foi preso o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi,
outro nome ligado a Temer, e Antonio Celso Grecco, dono da Rodrimar, empresa
que opera áreas do porto de Santos que está no centro das investigações. Rossi
foi presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que
administra o porto de Santos.
As prisões de Yunes, Rossi e Grecco foram confirmadas à Reuters por seu
advogados, enquanto a detenção do coronel Lima foi noticiada pela Globonews. A
emissora mostrou imagens do ex-coronel sendo escoltado por ao menos um agente
da PF até uma ambulância na porta da sua casa em São Paulo.
Os mandados de prisão temporária e de busca e apreensão foram expedidos
pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF),
atendendo a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, informou em
comunicado a Procuradoria-Geral da República.
“Como se tratam de cautelares que ainda estão em cumprimento pela PF,
para embasar investigações em curso, o Ministério Público Federal (MPF) não
divulgará, por ora, os nomes dos alvos dos mandados”, acrescentou a
Procuradoria.
A Polícia Federal informou que não vai se manifestar “a respeito das
diligências realizadas na presente data” por determinação do Supremo.
Procurado, o STF não estava disponível de imediato para comentar.
O Palácio do Planalto não respondeu de imediato a um pedido de
comentário sobre a prisão de Yunes, que trabalhou como assessor de Temer de
julho a dezembro de 2016, primeiro como chefe de gabinete adjunto e depois como
assessor especial. Ele pediu demissão após ser citado em delação premiada como
tendo recebido recursos irregulares em nome do presidente.
Yunes, que é advogado, e o coronel Lima tiveram seus sigilos bancários
quebrados pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso na mesma decisão em que foi
decretada a quebra do sigilo de Temer no âmbito do chamado inquérito dos
portos.
Nesse inquérito, Temer é investigado ao lado de aliados sob suspeita de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro na edição do decreto para prorrogar os
contratos de concessão e arrendamento portuários, que teria beneficiado a
empresa Rodrimar S.A., que opera áreas do porto de Santos.
Também como parte dessa investigação, a PF enviou diversas perguntas a
Temer no início deste ano, incluindo se ele sabia da entrega de valores pelo
doleiro Lúcio Funaro a Yunes e se o presidente orientou Yunes e o coronel Lima
a receberem os recursos e se o dinheiro foi usado por Temer.
No início de 2017, em entrevista à revista Veja, Yunes afirmou que teria
recebido um “pacote” de Funaro, a pedido do ministro da Casa Civil, Eliseu
Padilha.
“É inaceitável a prisão de um advogado com mais de 50 anos de advocacia,
que sempre que intimidado ou mesmo espontaneamente compareceu a todos os atos
para colaborar”, disse o advogado José Luis Oliveira Lima, que representa
Yunes.
O advogado de Rossi, Rafael Chiaradia, disse que seu cliente nunca
sequer foi chamado para depor no inquérito dos portos e que desconhece as
alegações para a prisão. “Acreditamos que a prisão é abusiva e vamos tentar
todos os meios para revertê-la o mais rápido possível”, disse.
Não foi possível fazer contato com representantes do coronel Lima,
enquanto o advogado de Grecco, da Rodrimar, disse que ainda não tinha detalhes
sobre a prisão.
Por
Pedro Fonseca, Agência Reuters, 29/03/2018, às 12h50
Campanha Educação no Trânsito do:
Nenhum comentário:
Postar um comentário