Casa caindo: Protestos no Recife, Guedes
jogando a toalha e Bolsonaro num beco sem saída
Por Ricardo Kotschio (*)
Bolsonaro entrou num beco sem saída e a casa dele está caindo.
Já no desespero, o capitão chamou sua seita fundamentalista para ir às
ruas no domingo, depois desistiu de ir aos protestos a favor, mas o estrago já
está feito.
Com a popularidade em queda, só consegue mobilizar protestos contra ele
por onde passa, como aconteceu hoje no Recife. Perde mais aliados a cada dia.
Até o guru Olavo de Carvalho, o roqueiro Lobão e a deputada Janaína,
três esteios do bolsonarismo, já pediram o penico.
Entre ataques de insanidade e recuos, este presidente de fancaria testou
a paciência do povo brasileiro para ver até onde poderia ir, e acabou
produzindo a tempestade perfeita, que avança sobre seu desgoverno.
Com o Congresso conflagrado, tem que correr de um lado para outro para
apagar incêndios, e sai cada vez mais queimado, junto com o ex-juiz Sergio
Moro, o outro superministro que está cada vez mais desmoralizado.
O maior dos incêndios nesta sexta-feira foi a entrevista à revista Veja
em que o superministro Paulo Guedes já ameaçou jogar a toalha ao ver o seu
Posto Ipiranga em chamas.
“Pego as coisas e vou morar lá fora. Já tenho idade para me aposentar”,
desabafou. Cabe perguntar se pela antiga ou pela nova Previdência da
capitalização dos bancos?
Sentindo o cheiro de queimado, Guedes falou à revista que sem a reforma
do 1 trilhão “o Brasil pega fogo”.
Para completar, nova pesquisa da XP/Ipespe, a bússola do mercado
financeiro, mostrou pela primeira vez que a rejeição superou a aprovação ao
governo Bolsonaro, em apenas cinco meses de governo, algo inédito.
.
A avaliação do governo como ruim ou péssima chegou a 36%, uma alta de 5
pontos percentuais em comparação com a pesquisa da primeira semana de maio.
Em compensação, o nível de ótimo ou bom oscilou um ponto para baixo,
ficando em 34%.
Nestas condições de tempo e temperatura, só um ato de completa
insanidade leva um governo a convocar “protestos a favor” do governo e contra o
Congresso e o Judiciário, nos esgotos das redes sociais comandadas pelos filhos
do presidente e movimentos da extrema direita cada vez mais radicalizada e
ensandecida.
Só para lembrar: o vice presidente, general Hamilton Mourão, está
viajando pela China, exatamente no mesmo lugar onde se encontrava o então vice
João Goulart, quando Jânio Quadros renunciou em 1961, e deu origem ao golpe
militar, três anos depois.
Aqui as coisas costumam se repetir, ao mesmo tempo, como farsa e como
tragédia, não vamos nos esquecer.
(*) - Por Ricardo Kotschio é
jornalista integrante do Jornalistas pela Democracia, Artigo publicado em
Brasil 247, em 24/05/2019
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