quinta-feira, 27 de junho de 2013

ARTIGO

Rede Globo aposta alto no retrocesso

                                             por Messias Pontes (*)
As massivas manifestações de protestos que tomaram as ruas do País nas duas últimas semana apontam para o despertar na consciência coletiva a necessidade de mudanças estruturais inadiáveis. No primeiro momento, a velha mídia conservadora, venal e golpista, com a Rede Globo à frente, tratou de criminalizar a justa e oportuna manifestação em favor da redução da tarifa dos transportes públicos na capital paulista.
 O ultrarreacionário e amestrado Arnaldo Jabor foi o primeiro a demonizar o movimento reivindicatório do MPL – Movimento Passe Livre e colocando no mesmo patamar a justa reivindicação e os atos de vandalismo praticados por elementos pagos para isto. Logo em seguida a direção da emissora percebeu que o movimento poderia servir a seus propósitos golpistas e mandou Jabor fazer autocrítica e elogiar o movimento. Como ele é pau-mandado, atendeu de pronto.
Da condenação inicial, a Globo passou a conclamar a população a ir às ruas protestar contra o governo da presidenta Dilma Rousseff. A emissora da famiglia Marinho é useira e vezeira em omitir informações que não interessa aos seus inconfessos interesses. O mais simbólico de todas foi a negação da campanha das Diretas-Já, na década de 1980, que exigia eleição direta para presidente da República, o maior movimento de massas de toda a história brasileira.
No dia 25 de janeiro de 1984 foi realizada uma manifestação na Praça da Sé, em São Paulo, com centenas de milhares de pessoas, transmitida pelas demais emissoras, mas simplesmente ignorada pela Globo. O Jornal Nacional daquele dia noticiava que milhares de pessoas estavam nas ruas de São Paulo comemorando aniversário da cidade. Nenhuma palavra sobre a campanha das Diretas e muito menos sobre as lideranças que se reversavam no palanque: Lula, FHC, Franco Montoro, Ulisses Guimarães, Mário Covas, José Richa, Leonel Brizola, João Amazonas e muitos outros.
Na última quinta-feira a Globo fez uma coisa inédita desde a sua fundação: deixou de levar ao ar a sua novela e passou mais de três horas, ininterruptas e sem comerciais, mostrando as manifestações em São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais. Essa edição especial ancorada pelo William Bonner intercalava as imagens das manifestações do dia com as da campanha do Fora Collor em 1992 que resultou no impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. A Globo aposta alto no impeachment da presidenta Dilma Rousseff e na volta dos tucanos neoliberais entreguistas. Para a famiglia Marinho o retorno dos militares golpistas seria bem-vindo.
A insistência em mostrar atos de vandalismo de um grupelho pago para depredar monumentos, prédios e instituições públicas revela o desejo da Globo de insinuar o caos, e que este está fora de controle e portanto é necessário que se exija o impeachment da presidenta Dilma. A emissora incentiva os protestos contra os gastos com a construção e reforma de estádios de futebol com vistas as Copas das Confederações e do Mundo, mas é quem mais se locupleta delas. Ela bate porque sabe que quanto mais bate mais dinheiro vão para os seus cofres. O exemplo mais cristalino é a fábula de recursos que a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), tendo à frente a jornalista Helena Chagas, injeta em toda a velha mídia, e em especial na Globo. Mas a Globo continua batendo forte no governo e abrindo espaço para o demotucanato.
O GAFE (Globo, Abril, Folha e Estadão) e toda a velha mídia conservadora, venal e golpista enfatizam e incentivam um grupelho fascista infiltrado no movimento a condenar e agredir militantes de partidos e organizações de esquerda. Incorporando o espírito de Benito Mussolini, condenam a política e os políticos, como se todos fossem nocivos e, por isso, dispensáveis.
É oportuno transcrever a nota do MPL publicada na sexta-feira 20
“O Movimento Passe Livre foi às ruas contra o aumento da tarifa. A manifestação de hoje faz parte dessa luta: além de comemoração da vitória popular pela revogação, reafirmamos que lutar não é crime e demonstramos apoio às mobilizações de outras cidades. Contudo, no ato de hoje presenciamos episódios isolados e lamentáveis de violência contra a participação de diversos grupos”.
Diz ainda a nota: “O MPL luta por um transporte verdadeiramente público, que sirva às necessidades da população e não ao lucro dos empresários. Assim, nos colocamos ao lado de todos que lutam por um mundo para os de baixo e não para o lucro dos poucos que estão em cima. Essa é uma defesa histórica das organizações de esquerda, e é dessa história que o MPL faz parte e é fruto”.
E conclui a nota: “O MPL é um movimento social apartidário, mas não antipartidário. Repudiamos os atos de violência direcionados a essas organizações durante a manifestação de hoje, da mesma maneira que repudiamos a violência policial. Desde os primeiros protestos, essas organizações tomaram parte na mobilização. Oportunismo é tentar excluí-las da luta que construímos juntos. Toda força para quem luta por u8ma vida sem catracas”.
MPL-SP.
(*) Messias Pontes é jornalista

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