sábado, 8 de novembro de 2014

Climatologia (*)

Por que as temperaturas andam tão altas no Brasil?
Termômetro marcando 49ºC no Rio de Janeiro. Em outras cidades do Sudeste e até do Sul do Brasil as temperatura têm superado recordes de elevação
Tudo começou no fim de dezembro do ano passado. Uma imensa massa de ar quente e seco veio do mar, atingiu o continente e estacionou sobre uma grande área do território brasileiro, formando um sistema de pressão. Uma espécie de capacete. Esse sistema de alta pressão forma uma espécie de parede atmosférica muito forte e bloqueia as entradas de frentes frias, que ainda se formam e vêm do pacífico, mas param quando chegam nesse paredão.
“O fenômeno tem se repetido e tem durado largos espaços de tempo.  E quanto mais se repete e mais tempo dura o fenômeno, pior fica. Não há precipitação, não há chuva e o solo vai ficando cada vez mais seco, a energia do sol vai aquecendo mais a atmosfera e diminuindo a umidade relativa do ar. Então, à medida que os dias se passam e a umidade vai ficando mais baixa, a temperatura máxima também vai ficando mais elevada”, explica Marcelo Seluchi, meteorologista. E nosso modelo urbano, com muito concreto, muito asfalto e pouco verde, não ajuda em nada. “Você está formando ilhas de calor. E o que são ilhas de calor? São exatamente ambientes onde você tem materiais que absorvem cada vez mais calor, e, com isso, aumentam essa sensação desconfortável, como é com asfalto, cimento. As noites não refrescam, e cada dia amanhece mais quente. Por isso, tantas cidades brasileiras tiveram temperaturas recordes, semanas após semanas”, diz Suzana Kahn, professora de mudanças climáticas da UFRJ.
 “Você tem uma expectativa de aumento de temperatura nas cidades brasileiras na ordem de 1°C a 6°C. Ou seja, cada vez que vier uma onda de calor, ela vai ser um pouco pior. E cada vez elas virão com maior freqüência. E deve piorar até o fim do século”, afirma Suzana Kahn.
A temperatura da água do mar também está batendo recordes. Está acima do esperado em uma grande faixa do Atlântico Sul. E isso importa muito na climatologia e pluviometria do Brasil.
(*) - Segunda matéria da série. Em 08.11.2014 - Continua amanhã.

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