Laboratório de
sismologia investiga tremores de terra frequentes no Ceará
O Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte
instalou sete novas
estações sismográficas em Irauçuba
(Fotos: Divulgação LabSis/RN)
O Laboratório Sismológico da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN) enviou um técnico ao
município de Irauçuba (CE), a 154 quilômetros de Fortaleza, para
investigar as atividades sísmicas no local. A cidade vem sendo palco de
constantes tremores de terra desde o início de setembro.
O técnico em sismologia Eduardo
Alexandre de Menezes está no município colhendo informações sobre as atividades
e fazendo palestras com a população sobre os eventos, em conjunto com a Defesa
Civil do Ceará. Desde o dia 10 de setembro, quando começaram os tremores, o LabSis
registrou, pelo menos, 100 eventos.
Palestra na localidade de Coité, em Irauçuba
Há 24 anos, a população de
Irauçuba sentiu um dos tremores de maior magnitude registrados até hoje no
Nordeste, que atingiu 4,9 na escala Richter. Na semana passada, houve um de
3,3. As atividades deste ano, no entanto, ocorrem em uma nova área, localizada
cerca de 15 quilômetros a norte do local onde foi registrado o abalo em 1991.
Os primeiros desta série de
tremores em Irauçuba foram registrados pela estação sismográfica do LabSis que
fica no município de Morrinhos, a 127 quilômetros da cidade. Para fazer um
mapeamento detalhado da nova área, foram instaladas sete novas estações
sismográficas na região.
Os primeiros dados colhidos,
segundo Menezes, mostram que os abalos ocorrem a uma profundidade de 8,5
quilômetros.
Trinca em residência na localidade de Saco do Juazeiro em Irauçuba
O epicentro (ponto da superfície terrestre onde se registra a
intensidade máxima de um movimento sísmico) se localiza entre as localidades de
Saco do Juazeiro e Passarinhos. Além de rachaduras nas paredes de algumas
residências, não há registro de danos maiores.
“Tremores na ordem de 3, 3,5 e 4
[na escala Richter] não são difíceis de acontecer, pois é uma região que já
teve uma ocorrência no passado. Isso requer um monitoramento mais presente para
vermos o movimento dessa atividade, se ela pode crescer ou não, e para
passarmos as informações à população”, explica o técnico.
O LabSis/UFRN tem 17 estações
sismográficas instaladas em todo o Nordeste. Diferente do movimento de placas
tectônicas que, devido ao choque, causam terremotos de grande intensidade em
alguns países, no Brasil, conforme Menezes, os tremores acontecem devido a
esforços no interior da Terra. A deformação da rocha devido ao calor provoca
abalos como os registrados em Irauçuba.
O terremoto mais forte registrado
no Nordeste, segundo ele, teve magnitude de 5.3 e ocorreu em 1980 em Pacajus,
na Região Metropolitana de Fortaleza. Outros dois grandes abalos sísmicos
ocorreram em João Câmara, no Rio Grande do Norte (um em 1986, com 5.1, e outro
em 1989, com 5.0). Em quarto lugar, está o tremor registrado em Irauçuba em
1991.
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