Ciro Gomes acredita que
é possível reverter o impeachment no Senado
“Michel Temer é um sem voto, era
o último deputado votado no Estado de São Paulo. Um pilantra desde sempre,
enrolado com corrupção no porto de Santos, enrolado em todo o tipo de
corrupção.”
Essa é uma das definições do
presidente interino da República, para Ciro Gomes, ex-ministro da Fazenda
(Itamar Franco), da Integração Nacional (primeiro governo Lula) e ex-governador
do Ceará, que participou da mesa “O impeachment de 1992 e o golpe de 2016”,
debate que encerrou o segundo dia do II Salão do Livro Político, em São Paulo.
O pedetista (especulado como
pré-candidato à presidência da República em 2018), ao lado da presidente da UNE
Carina Vitral, do economista Marcio Pochmann e do jurista Alysson Leandro
Mascaro, recebeu o desafio de analisar e comparar os dois processos de
impedimento na Nova República.
“O Collor conseguiu a proeza de
fazer o consenso na sociedade contra ele, um consenso que alcançou a
plutocracia brasileira. Tudo começou com uma entrevista do irmão dele,
denunciando o esquema de centralização da corrupção. E tudo foi provado.
Conseguimos fazer um link que indicou a sua culpabilidade individual. Mapeamos
o dinheiro da corrupção e chegamos até a compra do Fiat Elba, estabelecendo o nexo
doloso.”
Ciro Gomes destacou que o
consenso não se deu contra a presidenta Dilma Rousseff, mas que uma ampla
maioria foi se construindo ante as contradições do “campo progressista”. “Se a
gente quer merecer de novo o respeito do conjunto da sociedade, precisamos
entender porque nós, autorreferidos intérpretes do interesse popular, estamos
sendo escorraçados do poder.
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Críticas
Para o ex-ministro da Integração
Nacional de Lula, Dilma trocou a política pela marquetagem, e jamais poderia
ter feito sua campanha eleitoral de 2014 mentindo para o conjunto da sociedade.
“Tem coisas que são trivialmente
inteligíveis pelo povo. Em São Paulo, 32 dias após a posse, houve um ‘tarifaço’
de 72% na energia elétrica. O mandato começa a ruir quando você o constrói em
cima de uma coluna mentirosa.”
Ciro também não poupou o “bom
amigo e companheiro” Lula, a quem responsabilizou pelas alianças petistas a
partir do segundo mandato, do que chamou de a “escalada do golpe”.
“Eu não estava feliz com esse
tipo de concessão, por isso não quis seguir como ministro. Colocar o Michel
Temer e o Eduardo Cunha na linha de sucessão do país em nome de medo de CPI, de
tempo de televisão, é um crime de lesa pátria.”
O futuro do golpe
Como muitos intelectuais vêm
lembrando nos debates do II Salão do Livro Político, Ciro enfatizou que a regra
no Brasil não é a democracia, mas sim os golpes, o autoritarismo, destacando o
fato de que somente três presidentes da República terminaram o mandato desde o
pós-guerra: Juscelino Kubitschek, Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula
da Silva.
“O golpe não foi feito para o
Michel Temer. O golpe foi feito para produzir efeitos estratégicos, como gerar
excedentes fiscais para honrar o serviço da dívida pública, que está na
iminência de uma crise bancária. A razão central é essa.”
O fato de nenhum chefe de Estado
ter feito comunicação com o presidente interino e a repercussão negativa da
opinião pública internacional também foram ressaltadas como positivas para a
manutenção da luta pelo mandato de Dilma dentro da institucionalidade.
“Eu penso que é possível reverter
o quadro no Senado. Não é tarefa fácil porque, agora, o suborno e a
esculhambação [vão acontecer]. Eu alimento essa esperança e luto por ela. Estou
disposto a fazer qualquer sacrifício para ajudar a presidenta Dilma. Se a gente
voltar para lá [presidência da República] e resolver a nossa relação com povo,
teremos que fazer um mea-culpa e entender que o nosso lado não pode fazer esse
tipo de coisa.”
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