Deputados da
oposição desafiam governistas a alcançar quórum para votar denúncia
No dia em que o plenário da Câmara dos Deputados pode decidir sobre a
admissibilidade do julgamento da denúncia contra o presidente Michel Temer pelo
suposto crime de corrupção passiva, a base aliada do governo busca alcançar o
quórum para votação, de 342 deputados. Embora estejam na Câmara, os
oposicionistas reafirmaram que vão manter a estratégia de só registrar presença
em plenário depois que o quórum for atingido.
É intensa desde o início da manhã a movimentação da imprensa e de
parlamentares no Salão Verde da Casa. Até as 10 horas, 186 deputados já
estavam na Câmara, mas apenas 118 haviam registrado presença em plenário.
Pouco depois do início da sessão, que começou às 9 horas, um grupo de
deputados de partidos de oposição fez um ato com cartazes, pedindo a saída do
presidente Temer e eleições diretas. O líder da minoria na Câmara, deputado
José Guimarães (PT-CE), voltou a desafiar o governo a alcançar o quórum
necessário para a votação.
"Todos nós vamos estar no plenário, mas não vamos marcar presença.
Todo mundo hoje tem que mostrar a cara para o Brasil. O Brasil e as redes
sociais estão de olho no nosso comportamento. A inscrição lá dentro [do
plenário] não significa presença. A vitória [do presidente Michel Temer]
depende de quórum e duvido que o governo tenha 342 votos", disse
Guimarães.
Já o deputado governista Júlio Lopes (PP-RJ) está confiante de que a
denúncia será votada hoje. "O Brasil tem urgência disso. Tem urgência de
que as reformas continuem para avançarmos, reduzindo o desemprego e os juros e
fazendo a economia avançar. Estamos estimando mais de 257 votos [a favor de
Temer] e temos esse número bastante consolidado. Não estamos com nenhum receio
quanto a isso", declarou.
Maia espera votação hoje
Ao chegar à Casa no início da manhã, o presidente da Câmara, Rodrigo
Maia, disse que espera que a votação ocorra hoje para que a agenda da Casa não
fique prejudicada. "O Brasil precisa de uma decisão da Câmara, que
precisa, a partir de amanhã, reorganizar sua pauta, com a prioridade número um,
que é a reforma da Previdência", afirmou.
Segundo Maia, outra preocupação é construir uma agenda mais próxima ao
cidadão, com temas como segurança pública e saúde, assuntos que mais afligem a
sociedade. "Enquanto essa denúncia não for votada, a gente não vai
conseguir reconstruir a agenda da Câmara", reconheceu.
Sobre a condução dos trabalhos nesta quarta-feira (2), Maia reafirmou
que a Câmara cumpre seu papel no que diz respeito à Constituição e ao seu
Regimento Interno. Ele destacou que os prazos foram cumpridos e os ritos,
respeitados. Por isso, defende que os parlamentares têm a obrigação de votar a
denúncia hoje.
De Brasília, Karine Melo -
Repórter da Agência Brasil, 02/08/2017 10h29
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