Janot diz que Temer praticou crime e
avisa: tem mais flechas

O procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, 59, mostra disposição em continuar atacando Michel Temer
Segundo ele, "colaborações em curso" podem ajudar nas
investigações contra Temer por suspeita de obstrução de Justiça e organização
criminosa.
Os inquéritos servem para embasar novas denúncias contra o peemedebista.
A PGR negocia as delações do ex-deputado Eduardo Cunha e do operador
financeiro Lúcio Funaro, ambos presos pela Lava Jato.
Janot diz que não pode confirmar as tratativas, mas questionado sobre o
que um político como o ex-presidente da Câmara tem de entregar para fechar um
acordo, ele respondeu: "O cara está neste nível aqui [faz um sinal com uma
mão parada no ar], ele tem que entregar gente do andar para cima [mostra um
nível acima com a outra mão]. Não adianta ele virar para baixo, não me
interessa".
Janot, cujo mandato na PGR termina em 17 de setembro, contou que
pretende tirar férias acumuladas até abril e projeta se aposentar no meio do
ano que vem.
O chefe do Ministério Público aproveitou para reforçar sua
perplexidade com os atos de Temer e de seu homem da mala, o ex-deputado Rodrigo
Rocha Loures.
"Temos de entender que o crime de corrupção não precisa de você
receber o dinheiro, é aceitar ou designar a proposta. Receber o dinheiro é a
chapada do crime de corrupção. Se a gente não vive um país de carochinha, uma
pessoa que designa um laranja para acertar acordo ilícito, que acerta a propina
e recebe a mala, vou exigir que a pessoa que designou o laranja receba
pessoalmente o dinheiro? Jamais alguém vai comprovar."
Janot mostra ainda convicção de que Temer avalizou a compra do silêncio
de Cunha.
"'Tem que manter isso' o que é? Uma compra de carne? É uma feitura
de suco? É fazer lanche? Qual era o fato que se discutia? 'Eu estou segurando a
boca de duas pessoas, Cunha e Funaro'. "Muito bom, muito bom, tem que manter
isso." Esse diálogo não foi negado pelo presidente, mas ele diz assim:
"A interpretação que eu faço desse diálogo é outra". Se a gente não
vive o país da carochinha, vamos interpretar o que está dito, gravado."
As informações são de reportagem de Leandro Colon e Reynaldo Turollo Jr na Folha de
S.Paulo. Publicado em Brasil 247,
07/08/2017
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