O impacto do golpe nos jovens e no nosso
futuro

Por Mirela Filgueiras (*)
O golpe de 2016 deixou nossa juventude em desalento. Sem vislumbrar
perspectiva no próprio futuro e no do país, a maioria dos jovens brasileiros
quer parar de estudar e deixar o Brasil. O futuro da nossa nação resta comprometido.
No mês passado o Datafolha divulgou que 62% dos nossos jovens, entre 16
e 24 anos, desejam emigrar do Brasil. Na faixa etária entre 25 e 34 anos o
índice fica em 50% e em 44% entre brasileiros de 35 a 44 anos.
Já o relatório do Banco Mundial (Bird), divulgado em março deste ano,
aponta que 52% dos jovens brasileiros entre 19 e 25 anos estão sem motivação
para os estudos.
"52% da população jovem brasileira, quase 25 milhões de pessoas,
está desengajada da produtividade. Nessa conta, estão os 11 milhões dos
chamados "nem-nem", aqueles que não trabalham nem estudam. A eles,
foram somados aqueles que estão estudando, mas com atraso em sua formação. E os
que trabalham, mas estão na informalidade." (GAZETA DO POVO, 2018).
A falta de estudos dos jovens acarretará em seu "desengajamento
econômico" ou seja, na sua exclusão do mercado de trabalho, na sua
vulnerabilidade à pobreza e na perpetuação da nossa estagnação econômica.
"Além da ameaça ao futuro desses jovens, essa situação leva a outra
consequência séria: ela põe em risco o crescimento da economia brasileira. Isso
porque o país vai depender do trabalho deles para continuar produzindo. Mais
ainda, vai precisar que eles sejam mais produtivos do que seus pais para
reverter uma tendência de queda na taxa de crescimento do Brasil." (GAZETA
DO POVO, 2018).
A evasão universitária também preocupa. Dados do Mapa do Ensino Superior
no Brasil publicado em 2016 pelo Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior
(Semesp) revela que a taxa de permanência dos estudantes das universidades
particulares é de 40%, e de 51,3% nas universidades públicas. "O dado,
chamado de taxa de permanência, considera os estudantes que ingressaram em 2010
e até 2014 não pararam de estudar. Os demais ou trancaram matrícula, deixaram o
curso ou foram transferidos." (GAZETA DO POVO, 2016).
Mortalidade infantil
A Fundação Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos)
publicou, em abril deste ano, o Cenário da Infância e da Adolescência no Brasil
no qual "aponta que 40% de crianças e adolescentes com até 14 anos de
idade vivem em situação domiciliar de pobreza no Brasil, o que representa 17,3
milhões de jovens. Destes, 5,8 milhões, ou 13,5%, vivem em situação de extrema
pobreza." (MANSUR, 2018).
Em outro estudo, divulgado em maio deste ano, a Fundação Abrinq alertou
para o primeiro aumento da mortalidade infantil depois de 15 anos consecutivos
de queda. Entre 2015 e 2016 a mortalidade infantil aumentou 11%.
"De acordo com a pesquisa, cortes orçamentários em saúde básica e
assistência social podem levar a até 20 mil mortes e 124 mil hospitalizações de
crianças com menos de 5 anos até 2030. Essas mortes seriam evitadas com
investimentos no programa Estratégia Saúde da Família, voltado para a atenção
básica em saúde, e no Bolsa Família." (CYMBALUK, 2018).
Recorde de assassinatos
Estamos em uma crescente de violência.
Em 2014 o número de assassinatos entre jovens de 12 a 18 anos bateu
recorde. É o que afirma um estudo coordenado pelo Fundo das Nações Unidas para
a Infância (Unicef) em parceria com o Ministério dos Direitos Humanos do
Brasil, com o Observatório de Favelas e com o Laboratório de Análise da
Violência, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
"(...) o Brasil alcançou a marca de 3,65 adolescentes entre 12 e 18
anos assassinados para cada grupo de mil jovens. O número é o mais alto desde
que começou a ser medido, em 2005." (AZEVEDO, 2017).
O Atlas da Violência de 2018, realizado pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) e o pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública
(FBSP), demonstra que 56,5% dos óbitos entre os jovens de 15 a 29 anos do sexo
masculino foram por mortes violentas.
O Brasil detém a 7ª maior taxa de homicídios de jovens de todo o mundo.
A estatística foi apresentada em 2017 pela publicação A Familiar Face: Violence
in the lives of children and adolescents realizada pelo Fundo das Nações Unidas
para a Infância (UNICEF).
No ano do Golpe, o Brasil registrou "o maior número de mortes violentas do mundo. Foram 70,2 mil mortos, o que equivale a mais de 12% do total de registros em todo o planeta. O alerta faz parte de um novo informe, publicado (...) pela entidade Small Arms Survey, considerada como referência mundial para a questão de violência armada." (O (DIA, 2017).
No ano do Golpe, o Brasil registrou "o maior número de mortes violentas do mundo. Foram 70,2 mil mortos, o que equivale a mais de 12% do total de registros em todo o planeta. O alerta faz parte de um novo informe, publicado (...) pela entidade Small Arms Survey, considerada como referência mundial para a questão de violência armada." (O (DIA, 2017).
Este é o resultado do golpe de 2016.
(*) - Mirela Filgueiras é jornalista, com especialização em Teorias da Comunicação e da Imagem.
De Brasília (DF), Brasil 247, em 17/07/2018, às 06h58



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