Saiba quais
são os sintomas do sarampo e como evitar
Vacinação é a melhor forma de evitar a doença
A ocorrência de centenas de casos confirmados de sarampo em Manaus e Roraima e a morte de um bebê em Manaus deixaram o país em alerta.
Outros três estados - Rio Grande do Sul, Rondônia e Rio de Janeiro -
também já registraram pacientes com diagnóstico positivo para a doença.
O Brasil não registrava casos desde 2014 e a volta da doença preocupa. O
sarampo já foi uma das principais causas de mortalidade infantil no país e
pode deixar sequelas neurológicas. O vírus provoca manchas vermelhas no
corpo, febre alta, tosse, coriza, conjuntivite e pontos brancos na mucosa
bucal.
A vacina contra o sarampo está disponível na rede pública. A mais comum
é a Tríplice Viral, que protege ainda contra rubéola e caxumba. A Tetra Viral
fornece ainda proteção adicional contra a varicela. São indicadas duas doses em
um intervalo de um a dois meses. Em crianças, o intervalo deve ser um pouco
maior, sendo a primeira dose entre os primeiros 12 e 15 meses de vida.
A reportagem da Agência Brasil conversou
com a médica Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de
Imunizações (SBIm), para tirar dúvidas sobre a transmissão da doença, vacinação
e como evitar. "Vacinar e combater a circulação do vírus não é só um ato
individual, é um ato de solidariedade e de responsabilidade coletiva",
destaca a médica.
Como se pega o sarampo?
"O vírus é facilmente transmissível. A doença se dissemina de forma
similar à gripe, por vias respiratórias, através de um espirro, tosse, beijo e
também pelas mãos. Então, é fácil ocorrer um surto de sarampo. Ele se alastra
rapidamente."
Quais os riscos para quem contrai?
"Em caso de suspeita, a pessoa precisa procurar uma unidade de
saúde. Ela não deve usar medicamentos por conta própria. O sarampo não tem
tratamento e o papel do sistema de saúde é dar suporte à pessoa. Pode ocorrer
necessidade de hospitalização, mas é raro. Na maioria dos casos, o paciente
fica em casa. Mas quadros graves ocorrem e a doença pode inclusive levar à
morte."
Como se proteger?
"A única maneira eficaz é através da vacina. Crianças, adolescentes
e adultos devem se imunizar não apenas para se protegerem, mas para proteger
também os que não podem se vacinar e que são os que correm o maior risco de
complicações e de terem quadros que evoluem ao óbito. Estamos falando de
pessoas com câncer, pessoas que vivem com HIV e estão imunodeprimidas, pessoas
que estão fazendo quimioterapia ou outro tratamento com drogas que causam
imunossupressão."
Quem já teve sarampo precisa se vacinar?
"Não. Quem tem certeza que teve a doença não precisa. O sarampo não
ocorre duas vezes."
Quem não se lembra ou não sabe se foi vacinado
precisa se vacinar?
"Quem não tem certeza, mesmo que ache que já tenha se vacinado,
deve se vacinar. Se não tem a carteirinha que comprove a vacinação, não há
nenhum prejuízo para a saúde do indivíduo receber uma nova dose."
Onde se vacinar?
"Em postos de saúde espalhados pelas cidades. O Ministério da Saúde
disponibiliza a vacina há muito tempo. Não é uma novidade. Se todos tivessem
seguido o calendário de vacinação, talvez não estivéssemos passando por esta
situação. É importante destacar que a vacina não é só para a criança. O adulto
pode ser o responsável pelo início de um surto no país ou na sua região. Apenas
uma minoria que recebe as duas doses não cria imunidade. São cerca de 2%. Mas
se toda a população estiver vacinada, essas pessoas também estarão protegidas.
Caso não tenham se vacinado na infância, pessoas com até 29 anos
conseguem obter duas doses da vacina na rede pública. Já entre 30 e 49 anos,
recebem uma dose apenas. A SBIm, do ponto de vista individual, recomenda as
duas doses em qualquer idade para pessoas que ainda não tenham sido imunizadas.
Mas o Ministério da Saúde opta por não vacinar maiores de 50 anos, porque a
maioria das pessoas dessa faixa etária teve o sarampo na infância."
Há alguma situação em que a vacina não é
recomendada, por exemplo, após o consumo álcool ou drogas?
"Situações de vida comum, como o consumo de álcool, não
contraindicam a vacinação. Uma das contraindicações é relacionada com as
situações de imunodepressão. Grávidas não podem ser vacinadas. Para que estas
pessoas fiquem protegidas, as demais precisam se vacinar."
Qual estação do ano ocorre mais transmissão da
doença?
"Antigamente, o sarampo tinha maior ocorrência na
primavera. Hoje, o que podemos dizer é que ambientes fechados ampliam as
chances de disseminação das doenças que são transmitidas por via
respiratória".
Como está o cenário atual?
"A preocupação é grande. Se não tomarmos as medidas necessárias e
as pessoas não forem se vacinar, podemos ter de volta a circulação do
vírus do sarampo no país. Temos atualmente surtos secundários decorrentes da
importação do vírus. O que não podemos é ter a circulação do vírus sem
controle. De 2000 a 2013, tivemos casos pontuais e todos importados. Não
tivemos surtos. Em 2013, importamos o vírus, provavelmente da Europa, e tivemos
surtos no Ceará e em Pernambuco. De 2014 pra cá, não tivemos mais casos. Em
2016, recebemos o certificado de erradicação da circulação do vírus do sarampo
no país. E agora, em 2018, fomos surpreendidos pela importação da Venezuela. E
temos uma preocupação grande quando vemos, por exemplo, casos em Porto Alegre,
onde o vírus foi trazido de Manaus".
Do Rio de Janeiro, Léo Rodrigues, repórter da
Agência Brasil, em 17/07/2018, às 08h00
(Clic na imagem inferior, para ampliá-la)




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