Militares avaliam que Flávio Bolsonaro não convenceu e deve
ser isolado

Com
a cobrança mais dura da ala militar do governo, o governo Jair Bolsonaro (PSL)
começou a deixar o primogênito do presidente, o senador eleito Flávio Bolsonaro
(PSL-RJ), sozinho para se defender do cada vez mais obscuro caso envolvendo seu
ex-assessor Fabrício Queiroz. Militares dizem que Flávio não tem condições de
assumir sua cadeira no Senado, o que pode levar a crise para dentro do
Legislativo.
A
reportagem do jornal Folha de S. Paulo destaca que "das três Forças [militares], (...) existe
um consenso de que Flávio não foi convincente até aqui nas explicações sobre o
cipoal que mistura operações financeiras envolvendo imóveis no Rio com a
movimentação atípica de valores seus e de seu ex-assessor."
O
jornal relembra o caso para explicar o reposicionamento da ala militar do
governo que, efetivamente, é quem manda no país: "a crise em torno do
caso foi agravada na terça (22), quando uma operação liderada pelo Ministério
Público fluminense mirou o ex-capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega,
suspeito de liderar uma milícia e um grupo de extermínio na zona oeste do
Rio. O gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio empregou a
mulher e a mãe do ex-PM quando ele já era investigado, e o senador eleito jogou
a responsabilidade sobre Queiroz pelas indicações."
A
matéria, finalmente, informa a mudança de patamar da postura militar dentro do
governo: "para um general ouvido pela reportagem, isso tornou rifar o
primogênito dos Bolsonaros uma prioridade. Como fazê-lo sem envolver o
presidente, essa é outra questão. Ele afirma, no que concorda um
almirante, que a mera ligação com o gabinete não implica culpa de Flávio, mas é
basicamente impossível de ser respondida de forma satisfatória para a opinião
pública."
A
gravidade da situação ainda gera especulações sobre a cadeira de senador para a
qual o primogênito da república foi eleito: "alguns setores da cúpula das
Forças Armadas fizeram chegar ao núcleo militar do Planalto a sugestão de que
Flávio não assumisse a cadeira no Senado, em fevereiro. Isso poderia, para
eles, evitar a contaminação do debate legislativo pelo caso. O temor é
menos por efeitos objetivos, já que Comissões Parlamentares de Inquérito
geralmente acabam em nada, mas pela necessidade de estabelecer um toma lá, dá
cá logo de saída para garantir a tramitação das reformas econômicas que serão
propostas pelo governo Bolsonaro."
De Brasília (DF),
Brasil 247, em 24/01/2019, às 06h55
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