Globo X Bolsonro: tem “URSO” na
Esplanada?

Por Ricardo
Cappelli (*)
Circula no Congresso Nacional
que as informações do COAF que comprometem Flávio Bolsonaro estão sendo vazadas
também pela equipe de Sérgio Moro. Segundo estas fontes, o Clã erra feio ao
apontar o dedo apenas para o Ministério Público do Rio de Janeiro.
Mas qual seria o sentido de
Moro, que passou a ser cobrado nas ruas pelo caso Queiroz, promover vazamentos
que levam ele próprio à uma situação constrangedora? Não seria atirar no
próprio pé?
Retirem os óculos e peguem os
binóculos. Vamos reconstituir os fatos.
A “Operação Lava Jato” é
sustentada desde o início pelo tripé Curitiba-NSA-Globo. E consolidou um modus
operandi. A NSA dava pistas – lembremos que invadiram até os e-mails de Dilma
-, a força tarefa ia atrás e vazava indícios para a Globo, que fazia o
“carnaval”.
Em seguida vinham prisões
preventivas e tortura psicológica para extrair uma delação que validasse as
teses. Para quem Moro vazou ilegalmente o áudio da conversa entre Dilma e Lula?
Quem lhe deu cobertura política quando o ato foi questionado? O tempo e o
interesse mútuo – destruir a esquerda – consolidaram a parceria.
Quando foi anunciado que o
ex-juiz de Curitiba seria ministro choveram críticas colocando em xeque sua
imparcialidade nos processos contra Lula. Quem novamente saiu em seu socorro,
com entrevista exclusiva no JN e no Fantástico?
Moro nunca fez parte do grupo
de Bolsonaro. A Globo também não. A entrada no governo serviu aos interesses
dos dois. O curitibano vislumbrou a possibilidade de pular etapas para um voo
mais alto montado na mula disponível para a travessia. A família Marinho viu em
Moro um interlocutor independente e poderoso com o Planalto.
Se Bolsonaro concretizasse as
ameaças feitas à emissora durante a campanha, ter um super ministro dotado de
uma estrutura própria de informação seria muito útil. A quem Moro deve seu
prestígio? Com quem construiu laços sólidos? Com Bolsonaro ou com a Globo?
As pesquisas mais recentes
indicam uma questão inusitada. Sérgio Moro possui prestígio popular superior ao
do presidente. Aí pode ter entrado um cálculo frio do jogo. Neste patamar,
qualquer presidente, seja Capitão ou General, dificilmente não o manterá no
posto e romperá o acordo de enfiá-lo ao STF.

Continuemos o raciocínio. Moro
é muito forte e se depara com um fato objetivo. Bolsonaro resolve abrir fogo
nos primeiro dias de governo contra a Globo. O que fazer? Ficar assistindo sua
aliada estratégica ser atacada ou agir mantendo um silêncio enigmático?
A disputa pelo mercado de
comunicação pode ter rachado o tripé da Lava Jato. A CIA/NSA é adepta do
“America First”. A Globo é um empecilho tupiniquim perto de gigantes como o
Youtube, Twitter e Netflix. A cada lance novas alianças são configuradas. É
próprio do jogo político.
Ao apostar na aliança com os
inimigos da emissora, o presidente eleito pode ter subestimado o poder da
família Marinho. A Aliança do Coliseu, coalizão liderada pela Globo com setores
antinacionais e antipovo da burocracia estatal, sempre teve um projeto de poder
próprio.
Estaria o Capitão sendo a
primeira vítima do Estado Policial que ele mesmo incentivou? Os setores de
inteligência não sabiam dos fatos envolvendo Flávio Bolsonaro antes das
eleições? Por que só divulgaram agora? Sabiam que influenciaria a decisão dos
eleitores? Interesses da Globo contrariados?
A agenda de Moro se chocará
inevitavelmente com a política e com a ala financista do governo. O ministro da
Justiça e Segurança Pública parece só possuir dois caminhos. Dominar
informações que lhe permitam “controlar” o governo com o apoio do canhão global
ou se isolar e ser expelido pelo sistema.
Não é possível afirmar com
precisão de onde estão vazando as informações. Presidente fraco é uma
especiaria muito apreciada em Brasília. É provável que existam vários
“mordomos.”
Mas é bom Jair ficar atento.
São fortes os indícios da presença de um “Amigo Urso” na Esplanada.
*Ricardo Cappelli é jornalista e
secretário de estado do Maranhão, cujo governo representa em Brasília. Foi
presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) na gestão 1997-1999. Publicado
no Blog do Esmael, em 25/01/2019
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