ONU adverte
Bolsonaro pela segunda vez em cinco meses

"O relator
especial da ONU para a promoção da Verdade, Justiça, Reparação e Garantias de
Não Repetição, Fabián Salvioli, cobrou explicações do presidente Jair Bolsonaro
por conta de suas declarações sobre o pai do atual presidente da OAB, Felipe
Santa Cruz, e por seu posicionamento sobre o regime militar", informa o
jornalista Jamil Chade, em seu Blog.
Jamil Chade é correspondente na Europa
há duas décadas e tem seu escritório na sede da ONU em Genebra, onde acompanha
as atividades diplomáticas relacionadas com a defesa dos Direitos Humanos.
O jornalista relata que a maneira pela
qual Bolsonaro se pronuncia sobre a ditadura no Brasil causa um "profundo
mal-estar" entre diplomatas brasileiros no exterior e dentro da ONU.
Ele destaca os elogios do ocupante do
Palácio do Planalto ao torturador coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.
Recentemente, Bolsonaro disse que Ustra é um "herói
nacional" e recebeu a viúva do militar, Maria Joseíta Silva Brilhante
Ustra, para um "almoço de cortesia" no Palácio do Planalto.
"Agora, numa carta confidencial,
o especialista da ONU questionou a atitude do governo e pediu explicações sobre
o posicionamento de Bolsonaro", informa Jamil Chade.
"Diante dos comentários do
presidente, familiares de mortos e desaparecidos políticos ainda pediram à
Comissão Interamericana de Direitos Humanos que 'o Estado brasileiro preste
esclarecimentos sobre as circunstâncias do desaparecimento e localização dos
restos mortais de Fernando e que o Estado apresente todas as informações ainda
não reveladas sobre mortes e desaparecimentos políticos da ditadura que estejam
em poder dos seus agentes' ".
Jamil Chade relata que "na ONU,
essa é a segunda vez em apenas cinco meses que o relator é obrigado a enviar
uma carta confidencial ao Brasil por conta da forma pela qual Bolsonaro lida
com o passado autoritário do país. No início do ano, depois que Bolsonaro
sugeriu que o Golpe de 31 de março fosse comemorado, Salviolli chegou a
qualificar a iniciativa do presidente de 'imoral' ".
O comunicado da relatoria da ONU
advertiu o país: "O Brasil deve reconsiderar planos para comemorar o
aniversário de um golpe militar que resultou em graves violações de direitos
humanos por duas décadas".
A resposta do governo Bolsonaro à ONU
foi considerada "chocante" por diplomatas brasileiros e estrangeiros.
"Numa carta enviada em abril, o Itamaraty reforçava seu argumento de que
não houve golpe de estado em 31 de março de 1964 e o que ocorreu foi 'legítimo'
", informa Jamil Chade.
De Brasília (DF), por Brasil 247, publicado
em 13/08/2019, às 11h31
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