A vida é
feita de escolhas e hoje eu escolhi sair, diz Teich
Em um curto pronunciamento, o ex-ministro da Saúde Nelson Teich pregou
uma união entre governos federais, estaduais e municipais no combate à
Covid-19. “A vida é feita de escolhas e hoje eu escolhi sair”, disse ele, em
uma fala que durou menos de 10 minutos, na coletiva de imprensa de anúncio de
sua demissão do governo de Jair Bolsonaro, na tarde desta sexta-feira (15), no
auditório do Ministério da Saúde, em Brasília.
A demissão de Teich foi concretizada nesta manhã após uma reunião com o
presidente, fechando sua passagem com menos de um mês no cargo. Essa já é a
segunda troca no Ministério da Saúde em meio à pandemia do novo coronavírus,
que soma 202.918 casos confirmados de infectados pelo coronavírus no Brasil e
13.993 mortes. Antes dele, Luiz Henrique Mandetta já havia sido no dia 16
de abril, após um processo de fritura.
Na coletiva, Teich agradeceu à oportunidade dada por Bolsonaro, mas deu
destaque ao papel dos gestores estaduais e municipais, lembrando que é
fundamental a união.
A missão da Saúde é tripartite.
Envolve Ministério da Saúde, o CONASS (Conselho Nacional de Secretários de
Saúde), o CONASEMS (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde),
secretários estaduais e municipais. E isso é uma coisa que é muito importante
deixar claro, o Ministério da Saúde vê isso como algo absolutamente verdadeiro
e essencial para conduzir a saúde desse país, tanto na parte estratégica como
na parte de execução. Esse é o momento em que o país inteiro luta pela saúde,
pelo Brasil.
Racha por cloroquina e isolamente
Teich já havia manifestado a dificuldade de conciliar os desejos de
Bolsonaro sobre o uso de cloroquina e hidroxicloroquina, além da
flexibilização do isolamento com o que é possível fazer dentro dos recursos
disponíveis no país e o que preconiza a ciência. A saída de Mandetta também
ocorreu pela resistência na indicação indiscriminada da cloroquina e na
flexibilização do isolamento social
Nesta semana, Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada, avisou que ia
alterar hoje o protocolo de uso da cloroquina no combate ao coronavírus.
Ele afirmou que “é direito do paciente” decidir sobre o seu tratamento e
defendeu o uso da droga “desde o começo”.
Atualmente, a recomendação do Ministério da Saúde é que o medicamento
seja usado no tratamento de pacientes em casos graves da Covid-19. A indicação
constava em protocolo publicado pelo ministério ainda na gestão do ex-ministro
Luiz Henrique Mandetta. Até o momento, não houve nenhuma pesquisa ou estudo que
comprovasse o efeito positivo e indiscriminado da cloroquina no tratamento da
doença.
Teich foi criticado nos últimos dias também por gestores estaduais e
municipais por diretrizes para orientar a flexibilização do isolamento social.
Substituto
A saída de Teich abriu, novamente, uma corrida ao cargo de
ministro da Saúde. As apostas indicam que o novo nome, ainda não escolhido,
deverá ser alinhado às ideias de Jair Bolsonaro: favorável ao isolamento
vertical, e favorável ao uso da cloroquina.
Até agora, são três os nomes cotados para assumir o ministério da
Saúde em meio à guerra contra a Covid-19: general Eduardo Pazuello, Nise
Yamaguchi e Osmar Terra. Confira o perfil dos três cotados para a vaga.
Por
João Conrado Kneipp, da Redação de Yahoo Notícias, em 15/05/2020
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