Dr Teich dá
atestado de insanidade a Bolsonaro
Por
Helena Chagas (*)
O quase ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, sai do governo, menos de um
mês depois de ter assumido o cargo, muito maior do que entrou. Com seu pedido
de demissão vapt-vupt, o médico fez o que muita gente na Esplanada dos
Ministérios deveria ter feito há tempos mas não teve coragem. Desautorizado e
humilhado, como boa parte de seus colegas, deu um didático “chega para lá” no
presidente da República, mostrando que nem todo mundo está disposto a se
submeter à sua insanidade.
Teich parece ter mais tutano do que se imaginava, e expõe o presidente a
um desgaste maior ainda do que o sofrido na demissão de Luiz Henrique Mandetta,
seu antecessor. Com a segunda troca em meio à pandemia, fica claro que a
divergência na Saúde não tem origem em razões políticas, futricas e nem nos
alegados ciúmes que Bolsonaro tinha do sucesso midiático de Mandetta.
No
momento em que um médico com viés técnico deixa a pasta, e o comando da
política de combate à pandemia, por falta de condições para trabalhar, fica
claro, nacional e internacionalmente, que a guerra de Bolsonaro é com a
ciência.
Apesar do claro desconhecimento em relação ao funcionamento da máquina
pública e do jeito de cachorro correndo atrás de caminhão de mudanças que o
acompanhou em sua curta gestão, Teich ainda mantinha, para efeito externo, um
verniz de profissionalismo.
Seu sucessor, que deverá ser incumbido de desmontar as políticas de
isolamento social e adotar tratamentos com remédios receitados pelo presidente
da República, como a cloroquina, dificilmente o terá. Seja ele o general
Eduardo Pazzuello – já instalado no Ministério para fazer uma espécie de
vigilância a Teich -, o amigo do chefe Osmar Terra ou algum político indicado
pelo Centrão ou mais um tecnico como a Dra Nise Yamagushi. A única certeza que
se tem nesse momento é que não tem jeito de dar certo…
(*) – Helena Chagas é jornalista integrante do
Jornalistas pela Democracia. Pulicado em Brasil 247, em 15/05/2020
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