Após pedido
de Flávio Bolsonaro, procuradoria investigará "supernotificação" de
mortes por Covid-19 em SP
Senador Flávio Bolsonaro (Foto: AP Photo/Eraldo Peres)
O conflito entre Jair Bolsonaro (sem partido) e governadores
estaduais é uma novela sem fim durante a pandemia do novo coronavíru, no
Brasil. Um novo capítulo dessa trama é protagonizado pelo senador Flávio
Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, que pediu ao MPF
(Ministério Público Federal) uma investigação para apurar as mortes por
Covid-19 em São Paulo. As informações são do UOL.
Segundo a representação feita pelo senador e entregue à Procuradoria, há
uma “supernotificação” de mortes por coronavírus no Estado.
De acordo com o último boletim oficial divulgado pelo Ministério da
Saúde nesta segunda-feira (18), São Paulo registra 4.823 óbitos e 63.066 casos
confirmados.
Caso fosse um país, São Paulo já seria o décimo no ranking de mortes por
Covid-19, superando inclusive a China, primeiro epicentro da pandemia no mundo.
Ainda conforme o UOL, em seu pedido, Flavio Bolsonaro alega que médicos
que atuam nas ambulâncias paulistas estão registrando a Covid-19 como causa de
morte, ainda que sem a realização do teste.
Segundo o parlamentar, a recomendação seria das gestões do governador
João Doria e do prefeito Bruno Covas, ambos do PSDB.
O objetivo, argumenta a petição, é "manipular os dados para
desgastar politicamente o presidente e as suas orientações frente ao combate ao
coronavírus".
Jair Bolsonaro tem constantemente minimizado a gravidade da pandemia
que, ainda segundo o Ministério da Saúde, já matou mais de 16,8 mil pessoas no
Brasil, que já é o terceiro país com mais casos em todo o planeta, atrás apenas
dos EUA e do Reino Unido.
O presidente também tem se mostrado contra o isolamento social, uma das
únicas medidas defendidas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para
minimizar a rápida propagação do novo coronavírus.
A condução da crise do governo Bolsonaro tem sido alvo de críticas até
de veículos da imprensa internacional. Dois ministros da saúde (Luiz Henrique
Mandetta e Nelson Teich) deixaram o cargo em dois meses após conflitos com o
presidente.
O que dizem os envolvidos
De acordo com o UOL, a subprocuradora-geral da República, Lindôra Maria
Araújo, afirma que "os fatos narrados são extremamente graves e devem ser
apurados em razão da possível repercussão constitucional e criminal que
envolvem". A subprocuradora cobrou explicações do governador João
Doria (PSDB) e do prefeito Bruno Covas (PSDB).
O secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, nega a acusação. Ele
diz que todos os registros são feitos apenas depois de exames laboratoriais,
com oito equipes realizando a verificação dos casos suspeitos de mortes pelo
novo coronavírus.
A secretaria estadual da Saúde afirma, em nota oficial publicada pelo
UOL, "que a investigação do Ministério Público Federal surge um dia depois
da revelação de que o senador Flávio Bolsonaro soube com antecedência de
operação da Polícia Federal que mirou seu assessor, Fabricio Queiroz".
Ainda conforme a nota divulgada, a secretaria diz que prestará todos os
esclarecimentos ao MPF por ter segurança de que segue diretrizes da Organização
Mundial da Saúde e de portaria do próprio Ministério da Saúde.
Da Redação de
Yahoo Notícias, publicado em 19.05.2020
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