Reunião da comissão que
analisa impeachment termina em bate-boca e tumulto
Deputados trocam insultos e acusações ao final da reunião da
comissão especial da Câmara
que analisa o pedido de impeachment da presidenta Dilma
(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Terminou em tumulto a reunião da
comissão especial da Câmara que analisa o pedido de impeachment da
presidenta Dilma Rousseff. Houve bate-boca e um princípio de agressão física
entre deputados. O presidente do colegiado, deputado Rogério Rosso (PSD-DF) foi
acusado de manobrar a reunião a pedido do presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para favorecer os parlamentares favoráveis ao impeachment.
A confusão começou após Rosso
encerrar a reunião pouco depois da exposição dos advogados e autores do pedido
de impeachment, Miguel Reale Junior e Janaína Paschoal, sob a
justificativa de que a pauta de votações no Plenário havia começado e que o
regimento da Casa determinava o encerramento dos trabalhos das comissões.
A atitude provocou a indignação
de deputados que queriam fazer perguntas aos convidados. Alguns reagiram e
acusaram Rosso de quebrar um acordo feito hoje (ontem) de manhã com líderes partidários
de que a reunião prosseguiria mesmo após a abertura das votações no Plenário,
por se tratar de uma audiência pública. “Líderes e demais integrantes da
comissão terão três minutos para indagações”, disse Rosso após a reunião que
definiu as regras para os depoimentos.
O líder do PSOL, Ivan Valente
(SP), lembrou do acordo e disse que a ordem do dia no Plenário já havia
começado desde as 15 horas. “Ele [Rosso] prometeu que todos os líderes e todos os
membros da comissão falariam. De repente, ele recebe uma ordem do Eduardo Cunha
e suspende a sessão, cancela a fala dos líderes e de todos os deputados. Isso é
antidemocrático e ele perdeu a palavra. Ele não tem mais autoridade na
presidência dessa comissão”, disse Valente. “É manobra, é golpe”, criticou.
Em resposta, Rosso disse que
obedeceu às regras da Câmara. “Temos que cumprir o regimento. Não pode ter
funcionamento de comissão enquanto há ordem do dia.”
Durante o bate-boca, houve um
princípio de agressão envolvendo Ivan Valente e o tucano Caio Nárcio (PSDB-MG),
que começaram a se empurrar e tiveram que ser separados. “Eu me virei para as
câmeras para explicar que a reunião podia continuar, porque a ordem do dia só
impede que as comissões deliberem, votem, e o deputado Caio Nárcio começou a me
provocar e gritar atrás de mim”, disse Valente, que admitiu ter dado “um chega
pra lá” em Nárcio.
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Para o deputado Paulo Pimenta (PT-RS),
o tumulto poderia ter sido evitado se Rosso tivesse mantido a reunião. “Na
medida em que o presidente faz esse acordo e ele não cumpre, vários líderes
estão inscritos e não falam, ele provoca essa situação, o que caracteriza o
cerceamento da defesa, ele rompe o acordo que assumiu com os líderes de todas
as bancadas e provoca essa instabilidade que cria essa situação lamentável para
o Parlamento, para o Brasil e que não é boa para ninguém”, disse.
Segundo o deputado Paulo Teixeira
(PT-SP), a manobra serviu para evitar que integrantes da base aliada pudessem
elaborar questões de ordem sobre os trabalhos da comissão. Desde a abertura da
reunião, deputados governistas tentaram apresentar questões de ordem, mas foram
interrompidos por Rosso com a promessa de que poderiam fazê-lo após as falas
dos líderes. “Ele encerrou, rompendo o acordo que fizemos de que ele [Rosso]
receberia a reclamação por não ter respondido a questão de ordem em relação a
ilegalidade do prazo de defesa”, disse.
A questão formulada por deputados
da base aliada pede que a contagem do prazo para a defesa de Dilma seja
reaberta. Eles argumentam que Dilma deveria ser notificada novamente a respeito
do processo, uma vez que foi retirada da denúncia a parte relativa à delação
premiada do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS).
Segundo Teixeira, Rosso evitou
receber a reclamação para não ter que responder à questão de ordem. “Como foi
aditado um documento ilegal, ele deveria ter sido desentranhado e nova
notificação deveria ser feita, além da recontagem de prazo. Formulamos essa
questão na primeira reunião da comissão e, lamentavelmente, esta é mais uma
sessão em que ele não responde a essa questão de ordem”, criticou Teixeira.
[...] De Brasília, Luciano
Nascimento - Repórter da Agência Brasil, 30/03/2016, às 22h39, atualizada em 31/03/2016
(Em toda festa, tem que ter Delrio!)
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