Bolsonaro
mandou Queiroz não comparecer ao depoimento no MP-RJ
Flávio Bolsonaro, Queiroz e Jair Bolsonaro (Foto: Reuters | Reprodução)
Jair
Bolsonaro ordenou a Fabrício Queiroz, ex-assessor do atual senador Flávio
Bolsonaro (sem partido), que não comparecesse ao depoimento no Ministério
Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) em dezembro de 2018. A informação consta no
livro Tormenta – O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos, da jornalista
Thaís Oyama. É o que aponta a coluna de Guilherme Amado, da revista Época,
publicada nesta segunda-feira (13). Queiroz está envolvido em um esquema de
corrupção que, segundo investigações do Judiciário do Rio, consistia em desviar
parte dos salários de assessores, muitos deles fantasmas, e lavar dinheiro.
Segundo o livro, após a
divulgação do escândalo do Coaf, sobre movimentações financeiras atípicas e
milionárias de Queiroz, Bolsonaro e os advogados do ex-assessor dele fecharam a
estratégia de que o ex-policial militar iria até os promotores, mas diria que
não daria declarações até ter acesso à investigação. Queiroz também negaria
qualquer relação com o clã.
Os juristas entenderam que
Queiroz não ficaria com fama de que estaria fugindo do MP-RJ e blindaria Jair e
Flávio Bolsonaro. Mas dois dias antes do depoimento, Bolsonaro teria mandado
Queiroz não comparecer ao órgão, após ser convencido por um amigo advogado de
que a melhor estratégia para abafar o esquema era jogar o caso para o Supremo
Tribunal Federal (STF).
Queiroz está envolvido em um
esquema de lavagem de dinheiro que ocorria na Alerj quando o filho de Jair
Bolsonaro era deputado estadual. Queiroz movimentou R$ 7 milhões em de 2014 a
2017, de acordo com relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades
Financeiras).
Em depoimento por escrito ao
MP-RJ, em março do ano passado, Queiroz afirmou que fazia o
"gerenciamento" de valores recebidos por servidores do gabinete do
então deputado estadual Flávio Bolsonaro e coordenava "os trabalhos e
demandas" com o objetivo de expandir as redes de contato e de colaboradores
do parlamentar.
Vale ressaltar que, no ano
passado, a defesa de Flávio Bolsonaro conseguiu uma liminar do presidente da
corte, Dias Toffoli, que suspendeu a investigação contra o senador Flávio
Bolsonaro (PSL-RJ) que tenham partido de dados compartilhados por órgãos de
controle como o Coaf e Receita Federal sem autorização judicial.
Outro detalhe demonstra a
proximidade entre Toffoli e o clã Bolsonaro. O presidente do STF confirmou que
o Brasil esteve à beira de uma crise institucional entre abril e maio e disse
que atuou para tentar acalmar a situação.
De acordo com informações de
Veja, os setores político e empresarial estavam insatisfeitos com Jair
Bolsonaro. Um grupo de parlamentares tirou da gaveta um projeto que previa a
implantação do parlamentarismo. Empresários do setor industrial discutiam a
possibilidade de um impeachment dele.
De Brasília (DF), por Brasil 247,
publicado em 13.01.2020, às 13h55
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